Com 73 anos de idade, sendo que 57 deles nas pistas, Paulo Gomes é um dos maiores pilotos brasileiros de todos os tempos. Ao todo, Paulo Gomes correu aproximadamente em 500 provas e venceu 235 vezes. Saiba o que pensa o homem, o pai, o empresário, o amigo, Paulo de Melo Gomes, que recebe neste momento o Card Oficial do Capacete de Ouro no formato digital (veja mais na coluna do Capacete de Ouro, ao lado).

Paulão, como é carinhosamente conhecido, começou a correr de kart com 16 anos e continua envolvido com corridas até hoje. Também é um dos organizadores da Old Stock Race, categoria com sete etapas previstas para 2021, em Interlagos. A próxima prova deve acontecer no dia 18 de julho, mas ainda precisa ser confirmada: “No ano passado fiz duas provas na Mercedes Challenge e pretendo voltar a pilotar na Old Stock”. Quem correu até o momento foi o filho Pedro Gomes e o piloto Sandro Sanches, pela sua equipe Viemar Automotive.

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Os carros utilizados na Old Stock Race são modelos de 1979, que competiram no primeiro ano da Stock Car. Paulo Gomes participou da 1ª etapa, no Autódromo de Tarumã. No final, levou o primeiro título da categoria: “Pelo histórico, todos se acostumaram a ver os meus carros com o número 22. Porém, eu mudei para 25 para homenagear a Viemar Automotive, meu patrocinador, que comemorou 25 anos de sucesso de sua fábrica de peças de reposição, no Rio Grande do Sul. Também agradeço ao patrocínio da Delphi Tecnology”.

Três momentos marcantes da vida e da carreira

Pedi ao ídolo que dissesse quais foram os três momentos mais importantes da sua vida e da sua carreira. Falei que ele poderia pensar e responder depois. Mas, em menos de um segundo, já tinha as respostas. Veja como ficou o ranking das emoções de Paulo Gomes, de acordo com a ordem que ele lembrou:

24 Horas de Le Mans

“Inesquecível a emoção ao subir no pódio das 24 Horas de Le Mans com a segunda colocação na Categoria GT, em 1978. Também fico emocionado ao relembrar, pois todos os meus companheiros daquela equipe já morreram ao longo destes anos. Me refiro aos pilotos Alfredo Guaraná e Marinho Amaral, ao chefe da equipe, o Alain Vignais, e até o assessor de imprensa, Marcus Zamponi. Daquela equipe só sobrei eu.”

Vitória do filho Pedro

“A vitória do meu filho Pedro Gomes na Stock Car, em Curitiba, em 2004 foi uma realização que nem dá para contar. Tenho imenso orgulho do Pedro, que além da Old Stock, deverá correr na Copa Truck em 2022. Além disso, ele está indo muito bem no campeonato mundial de corridas virtuais.”

Marcos Gomes, outro campeão na família

“Entre as três maiores lembranças, está a do Marcos levando o título da Stock Car, em 2015. Uma imensa alegria ver o título da Stock voltando para as mãos da família Gomes, vinte anos depois. Ele continua indo muito bem na Stock Car Pro Series e em provas no exterior.”

Uma vida passada nas pistas

Quando perguntei se as vitórias dos filhos foram mais emocionantes para ele do que os campeonatos que ganhou, Paulão respondeu: “Nem lembro das corridas que participei: foram tantas! Sei que ganhei 15 campeonatos brasileiros, fui vencendo um atrás do outro. Só na Stock Car foram quatro! Eu ganhei mais campeonatos que todos pilotos brasileiros (ele dá risada). Quando falo isso, o Ingo (Hoffmann) e o Chico (Serra) ficam muito bravos! Os dois rebatem dizendo que correram na Fórmula 1. Eu nunca corri lá. Mas fui vice em Le Mans, e eles não”. Uma carinhosa briga dos três ídolos, amigos até hoje.

Por sinal, o Grupo Universal Automotive Systems acabou de anunciar que os três ídolos sãos os embaixadores da marca. Chico Serra, Ingo Hoffmann e Paulo Gomes serão as “Lendas da Stock Car”, passando a divulgar os produtos de diversos segmentos automotivos.

Paulo fala sobre o momento atual do automobilismo

“Tem muita gente boa envolvida em fazer crescer o automobilismo brasileiro. Como o Giovanni Guerra, presidente da CBA, que está atrás de várias ações inovadoras, ampliando e facilitando o acesso ao automobilismo. Como exemplo: ele conseguiu que não haja mais custo para tirar a carteira de piloto. Outro destaque, na minha opinião, é o Lincoln Oliveira, novo controlador da Stock Car. Um empresário muito inteligente, que está enxergando outras possibilidades para o automobilismo no Brasil. Quem sabe um Brasileiro de Marcas ou novas categorias de fórmulas. Destaco também o trabalho do Gastão Fráguas Filho, outro profissional que está criando inúmeras ações para o kart.”

Oportunidades no exterior, além da F1

Paulo Gomes acompanha todas as provas possíveis, da maior quantidade de categorias do Brasil e do mundo: “Queria lembrar que inúmeros talentos atuais como Daniel Serra, André Negrão, Augusto Farfus, Marcos Gomes, estão disputando o Mundial de Endurance, a WEC, e fazendo muito sucesso por lá. Esse é só um dos exemplos que comprovam que os nossos pilotos não precisam mais ficar pensando apenas em Fórmula 1. Eles estão no exterior em várias categorias importantes, fazendo carreira e tendo o seu profissionalismo reconhecido, inclusive financeiramente”.

Paulo Gomes prestou uma homenagem ao amigo Helio Castroneves, tetracampeão da Indy, com uma menção honrosa na carenagem do seu Opala de corrida: “O Helinho é o nosso herói! Meu garoto, da minha Ribeirão Preto (cidade onde Hélio nasceu e Paulão viveu). Quero parabenizá-lo pela magnífica vitória! Ele elevou o automobilismo brasileiro não só lá fora, mas principalmente em nosso próprio país. Há muito tempo não tínhamos um resultado tão expressivo. Não tenho dúvida que os próprios pilotos daqui passarão a ser mais valorizados e terão patrocinadores ainda mais fortes”.

Observações da amiga Bel sobre o amigo Paulo

Paulo de Melo Gomes é um talento, um pai amoroso e um amigo fiel. Grande como um urso, até assusta por fora. Mas é só aparência, para manter a sua fama de mau. Paulo passa o seu tempo entre dois amores: as pistas e a fazenda em Goiás. Foi graças a ele que o meu pé de limão está firme e forte, aqui no quintal de casa. Paulão olhou e deu uns conselhos: “Menina, precisa podar esses galhos aqui bem rentes, senão o pé vai ficando fraco”.

A sua experiência com os animais também me trouxe sossego, pois vivia aflita com a possibilidade de a minha gatinha Amy sumir por esse mundão afora, anos atrás. Paulão falou: “Olha, conheço gatos e essa aí não é fujona. Pode até dar umas escapadas, mas vai sempre voltar para casa”. E assim foi!

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