André Bragantini é conhecido por ser um dos principais pilotos do País, sobretudo quando o assunto é categoria com carros de tração dianteira. O paulista acumulou vitórias e títulos nas pistas, e segue em atividade no Mercedes-Benz Challenge. Bragantini, que também é conhecido por sofrer com a síndrome de Tourette, agora possui um projeto que reúne palestras motivacionais e um livro contando sua história. Trata-se do “Ultrapassando Limites”.

O piloto descobriu a síndrome de Tourette quando tinha 22 anos, mas mesmo com a doença, sempre foi um dos grandes nomes do esporte a motor nacional. “A síndrome nunca foi um problema para mim dentro do cockpit. Aliás, toda atividade que me exige concentração, a Tourette regride consideravelmente”, diz Bragantini.

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André conversou com RACING sobre o novo projeto, que visa motivar pessoas através de pontos como constância, concentração e autoestima. O piloto também falou sobre a biografia, que está em processo de produção por parte do jornalista Alexander Grünwald e que deverá ser lançada no próximo mês de julho.

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1 – Como você ou sua família descobriram a síndrome de Tourette? Quais os principais desafios que enfrentaram?
Descobrimos a doença apenas quando eu já tinha 22 anos, que foi quando tivemos o diagnóstico. Passamos toda minha infância e adolescência na dúvida do que eu tinha, pois em todos os médicos que eu ia e todos os tratamentos que eu fazia não identifica a síndrome. Isso foi um motivo de grande preocupação para os meus pais, por não saberem se era algo grave e se prejudicaria minha saúde. Foi um médico ortomolecular que me disse o que eu tinha e isso foi um motivo de grande alívio para todos. Passamos por inúmeras e incontáveis dificuldades e obstáculos nesse período, até mesmo de tratamentos religiosos onde charlatões tentaram se aproveitar do nosso desespero pela cura. Foram momentos muito difíceis não somente para mim, como para toda a família.

2 – Como pilotar com essa síndrome? Pois imagino que atrapalha bastante, ou não?
Graças a Deus a síndrome nunca foi um problema para mim dentro do cockpit. Aliás, toda atividade que me exige concentração, a Tourette regride consideravelmente. Muitos me fizeram essa pergunta, sobre como pilotar um carro em altas velocidades convivendo com os espasmos. Concentrado dentro do carro eles praticamente desaparecem. No início de minha carreira meu pai gravou um vídeo meu pilotando para provar que os espasmos não me ofereciam perigo e nem riscos aos outros pilotos.

3 – Como e quando surgiu a ideia do projeto “Ultrapassando Limites”? Qual o seu objetivo com ele?
Durante minha vida participei de inúmeros programas que abordaram não somente minha carreira, mas também a minha condição. Tive um retorno muito grande de pessoas que se inspiraram em minha história. Há uns 5 anos me deu um estalo de que eu precisava fazer algo pela sociedade, ajudar de alguma forma as pessoas que sofrem, não apenas da mesma síndrome que eu, mas com qualquer outra deficiência, depressão ou adversidade. Por muito muito tempo foi difícil para mim compreender o porquê de conviver com isso. Mas hoje eu sou grato a Deus, pois percebi que foi um ensinamento, algo para que eu evoluísse como pessoa e ser humano. Então criei o projeto Ultrapassando Limites, que engloba minhas palestras, motivacionais onde trabalho com três pilares: a concentração, constância e autoestima, além da biografia que vou lançar em julho. Ambos focam na minha história de superação trazendo o automobilismo como fator importante de ajuda nesse processo, mostrando como o esporte, seja ele qual for, pode ser relevante. A luta foi muito dura, mas como em tudo na minha vida eu nunca desisti. Montei um time muito profissional e consegui o apoio de vários patrocinadores e pessoas que estão me ajudando a realizar esse sonho e fazendo junto comigo esse projeto acontecer.

4 – Você terá um livro contando sua história. De que forma ele pode impactar as pessoas?
Acredito que todos nós temos uma história de superação. Se você conversar com cada pessoa, terá conteúdo para escrever um livro. Minha intenção é que por meio da minha história, todos percebam dentro de si que existem forças e motivos para continuar lutando e se motivando, a cada dia, para ultrapassar seus limites assim como eu ultrapassei os meus.

5 – Você imaginou algum dia ter um livro contando sua história? Como é chegar nesse ponto?
Jamais imaginei isso. Mas a minha Fé em acreditar que um dia eu impactaria positivamente a vida de muita gente me fez chegar até aqui. Vários amigos me diziam que minha história dava um livro, e eu comecei a refletir sobre isso. Comecei a pensar no assunto e me perguntei “Por que não?” Acreditei que essa era uma forma que eu conseguiria chegar nas pessoas e mostrar a elas o quanto a Fé, o amor, a determinação, a resiliência, a força e união da família podem fazer a diferença. Isso para mim hoje é um propósito de Deus em minha vida, uma responsabilidade social que eu tenho. Se eu conseguir impactar positivamente a vida de pelos menos uma só pessoa, já terá valido todo meu esforço.

6 – Como tem sido a repercussão do projeto dentro do ambiente do esporte a motor?
Estamos começando a divulgar mais amplamente o projeto agora, que estamos nos aproximando do lançamento do livro. Mas, para todos que conto, eles ficam felizes, pois sabem que é um projeto valioso. Tivemos vários depoimentos no livro de pessoas importantes na minha vida e carreira, as quais valorizaram ainda mais a minha história. Sou muito grato por todos que passaram em minha vida e trouxeram valores a tudo o que passei e vivi. O meu objetivo é impactar toda uma sociedade, tanto dentro como fora do esporte e trazer reflexão e empatia para que as pessoas consigam viver cada vez mais em paz com suas dificuldades e com amor ao próximo.