O autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo (SP), é o palco da segunda etapa da Stock Car Pro Series em 2023. É no autódromo paulistano, considerado o templo do automobilismo brasileiro, que está o ponto que concentra a frenagem mais forte de todo o calendário da temporada, o S do Senna. E os pilotos parecem ter ganhado um aliado importante nas frenagens além dos discos e pastilhas de freio: a aerodinâmica.
A curva mais famosa do principal circuito do país tem a primeira parte contornada a cerca de 75 km/h, mas antes disso os pilotos acionam o pedal do freio vindo pela reta principal a 240 km/h. A frenagem dura cerca de cinco segundos e o carro percorre aproximadamente 200 metros para que seja feita esta redução de 165 km/h em – o que gera uma desaceleração de 1.5 G (uma vez e meia a força da gravidade).
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“A aproximação do S do Senna é o ponto onde a gente chega com maior velocidade em Interlagos. E as características da curva exigem uma freada forte, com redução de sexta para a segunda marcha”, conta o líder do campeonato e vencedor da primeira corrida, em Goiânia, Daniel Serra, da equipe Eurofarma-RC. “O piloto precisa ficar posicionado bem internamente na primeira ‘perna’ da curva para ter um bom posicionamento de saída para a segunda, já que depois a gente tem a Curva do Sol, na qual vamos acelerando para entrar na Reta Oposta”, explicou o tricampeão.
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E com as mudanças técnicas, especialmente no fornecimento de pneus, os carros também receberam algumas alterações para a atual temporada com foco em estabilidade aerodinâmica. A mais proeminente delas é a adoção de um novo aerofólio traseiro, maior que o que era usado nas duas últimas temporadas.
“A asa que usamos na primeira etapa é 40% maior do que a anterior. Tem mais área, maior contato e exposição ao ar, gerando mais downforce e mais estabilidade”, resume Thiago Camilo, da Ipiranga Racing, vencedor da segunda prova em Goiânia e vice-líder do campeonato.
Trata-se de uma aliada importante aos sistemas de freio. A performance de frenagem para redução de velocidade é garantida pelos discos da Fremax e pelas pastilhas da Fras-le. O contato entre as duas peças faz a temperatura no conjunto superar os 700ºC. E com um apêndice aerodinâmico que traz maior contato com o ar, a estabilidade deixa o freio trabalhando com ainda mais desempenho, de acordo com André Brezolin, engenheiro de projeto da Fras-le e Fremax. “Com mais asa, o carro vai distribuir melhor a força de frenagem para o eixo traseiro, como vimos em Goiânia. Como a frenagem é feita antes da curva, o carro tende a entrar mais equilibrado e dentro da curva também com a maior pressão aerodinâmica na traseira, trazendo maior aderência”, diz Brezolin.
O aerofólio traseiro passou a ser maior em 2023. Até o final do ano passado, a peça tinha 1.488 milímetros de envergadura e 201 milímetros entre ataque e saída de ar, e agora foram substituídos por uma peça maior, com 1.628 milímetros de envergadura e 297mm entre os bordos de ataque e fuga. São 14 centímetros a mais de envergadura e 9,6 cm a mais na placa, o que traz grande diferença aerodinamicamente. O tamanho da asa traseira atual é parecido com o do aerofólio que era usado na geração anterior dos Stock Car, os JL-G09 utilizados até 2019.
“A nova asa traseira que os carros estão usando em 2023 traz maior estabilidade em frenagem e, dependendo da regulagem que cada equipe usa, até maior capacidade de frenagem pela pressão aerodinâmica proporcionada pela maior largura do aerofólio. Para o piloto é até melhor, porque o carro vem mais estável pela reta, ele consegue pegar o ponto de frenagem e tangência da curva de forma mais precisa”, continua Brezolin.
“Ganhou-se em estabilidade traseira. O carro balança menos nas freadas. E com um pneu um pouco mais largo em relação ao ano passado, formou-se um conjunto de melhorias que tornaram o carro mais estável na aproximação às curvas”, apontou Gaetano di Mauro, da Hot Car. Campeão de 2021, Gabriel Casagrande, da A.Mattheis-Vogel, faz coro ao colega: “A asa traseira nova deu maior sustentação na freada. A asa antiga não funcionava muito bem, por não ter muita área de contato, e essa nos está permitindo frear um pouco mais adiante e a traseira do carro fica bem mais estável”, afirmou.
A diferença em relação à primeira etapa, disputada em Goiânia no dia 2 de abril, é que agora os seis primeiros colocados do campeonato passam a carregar o chamado lastro de sucesso, item do regulamento desportivo da Stock Car que visa aumentar o equilíbrio entre os 31 carros do grid.
O líder da tabela, Daniel Serra, já inicia as atividades carregando 30 quilos extras; o vice-líder Thiago Camilo leva 25 quilos de lastro. Ricardo Maurício, 20 kg e Bruno Baptista, 15. Nelsinho Piquet, em teoria, levaria 10 quilos por ser o quinto colocado da tabela, no entanto, o piloto da TMG-Crown se ausenta da etapa em virtude de sua participação na etapa do European Le Mans Series em Barcelona – seu substituto será Rafael Martins, que não levará lastro. Marcos Gomes, sexto colocado no campeonato, carrega cinco quilos de peso extra.
A programação do final de semana, que inclui também a abertura das temporadas da Stock Series e da Fórmula 4, começa na sexta-feira com o primeiro treino livre. No sábado (22), o segundo treino livre está marcado para as 8h35 e a classificação às 12h50. No domingo (23), as largadas serão dadas às 12h10 e 12h50, com transmissão ao vivo por Band, canais SporTV, YouTube oficial da Stock Car e pelo canal Tribo de Gaules na Twich.
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