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Pilotos Jurássicos: confraria gaúcha comemora 21 anos

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  • Publicado: 20/12/2022
  • Atualizado: 20/12/2022 às 10:03
  • Por: Redação

O Rio Grande do Sul tem uma história pujante no automobilismo de competição brasileiro. Nas décadas de 40, 50 e 60 com as famosas carreteiras, época do automobilismo romântico, eram promovidas provas de estradas como Porto Alegre/Capão da Canoa, Porto Alegre/Passo Fundo, Encantado/Santa Cruz do Sul, entre outras provas exclusivas em circuitos dentro de algumas cidades do interior. Na capital também havia circuitos de rua tradicionais como o da Pedra Redonda e o da Vila Nova, ambos na zona sul da capital e o circuito de Navegantes/Floresta que utilizava a avenida Farrapos. O jornalista Celso Ferlauto enviou as informações desta reportagem sobre uma confraria que se formou no sul do país.

Essa tradição gaúcha avançou anos com a criação de grandes e competitivas categorias como o Campeonato Gaúcho de Divisão 3, Campeonato Regional de Turismo, a Copa Fiat de Velocidade, Copa Corsa, Copa Fusca entre outras e estabelecer um marco histórico que é o de o Rio Grande do Sul ser o único estado da federação a ter quatro autódromos. Autódromo Internacional de Tarumã em Viamão região metropolitana de Porto Alegre, Autódromo Internacional de Guaporé na serra gaúcha, Autódromo Velopark no município de Nova Santa Rita e o Autódromo de Santa Cruz do Sul na região central do estado.

Essa história não acontece somente em pistas de corridas de estradas, ruas ou autódromos como veremos a seguir. Essa história está na lembrança, no coração e na alma dos gaúchos amantes das competições automobilísticas. Ela passa de geração em geração, entre pilotos, preparadores e dirigentes do esporte como veremos a partir do próximo parágrafo.

Aniversário com direito a bolo comemorativo

Confraria dos Pilotos Jurássicos do Rio Grande do Sul

Quatro amigos apaixonados por DKW.  Roberto Giordani, Francisco Feoli, Horst Dierks e Oscar Leke resolveram se reunir aleatoriamente para relembrar dos carrinhos alemães de motor a dois tempos que fizeram muito sucesso nas pistas gaúchas.  Dessa iniciativa pessoal surgiu a ideia de se formar uma confraria de pilotos do passado. Cria-se em 6 de outubro de 2001 a Confraria dos Pilotos Jurássicos do Rio Grande do Sul, fundada pelos quatro amigos. O nome da confraria surgiu de uma manifestação bem-humorada do engenheiro mecânico Oscar Leke sobre a dificuldade de um do grupo (naquele momento já eram 10 ou 12 colegas) para se levantar da cadeira: “Com esses resmungos e a soma das idades que temos aqui, com certeza atingiremos a era jurássica dos dinossauros”. Naquele momento surge o nome da confraria e até hoje ao fim dos encontros há um brinde com espumante e os confrades sempre se despedem com uma “vida longa aos Jurássicos”.

A partir de então, o grupo convidou outros pilotos que correram de DKW como Flávio Del Meses, Ricardo Trein, Henrique Iwers, Paulo Hoerlle entre outros e estabeleceu encontros mensais para jantares de confraternização e troca de histórias. A confraria foi se solidificando e depois dos apaixonados por DKW foram admitidos pilotos de outros carros que correram entre 1958 e 1983 entre eles cita-se alguns como Clóvis de Moraes, Teodoro Janusz, João Alfredo Ferreira, José Roque Bresolin, Marcelo Aiquel, Cláudio Mueller, Moacir Rosenberg, Roberto Schimdt, César e Sérgio Pegoraro, Décio Michel, Jorge Fleck, Joel Echel, Janjão Freire, Antônio Miguel Fornari, Vitor Hugo Ribeiro de Castro. Hoje em dias a confraria congrega não só pilotos e preparadores do automobilismo gaúcho, mas dirigentes, ex-dirigentes, antigomobilistas e empreendedores do esporte.

A confraria foi gerida desde sua fundação pelo Roberto Giordani e grande parte de sua existência com seus três amigos fundadores. Por motivos de força maior Dierks e Leke foram substituídos há alguns anos atrás por Cláudio Mueller e Rudolfo Riet. Esse Conselho de Fundadores é o órgão máximo da confraria e seus membros têm o poder de veto individual sobre qualquer proposta ou fato relevante levado à discussão, mas a confraria não tem personalidade jurídica, estatuto, regulamento ou regramento. Ela funciona por consenso de seus dirigentes. Roberto Giordani elaborou uma frase na noite dos aniversários de 21 que retrata o espírito de solidariedade, confiança e irmandade da confraria: “A nossa confraria não tem estatuto para que não possa ser burlado, porque cada um de nós é o próprio estatuto, e jamais iremos burlar a nós mesmos”.

Roberto Giordani (esquerda) deixa o comendo e faz a diplomação de Vítor Hugo como novo coordenador

Mais de 100 integrantes hoje

A confraria deverá ter um incremento no número de confrades a partir de 2023 já que o conselho aprovou a abertura de vagas para pilotos do período de 1984 até 2000. Outra decisão diz respeito ao confrade coordenador, o “Capo”. Roberto Giordani quer descansar e juntamente com o Conselho dos Fundadores já escolheu o novo coordenador que assume oficialmente em janeiro de 2023 como novo “Capo”. Trata-se no Piloto Jurássico Vitor Hugo Ribeiro de Castro que terá um mandato de dois anos. A Confraria dos Pilotos Jurássicos do Rio Grande do Sul já tem 57 Membros Efetivos que receberam o título de Piloto Jurássico, entre eles: Valter Soldan. Raul Cohen, Clovis de Moraes, Paulo Hoerlle, Neco Fornari, entre muitos outros.

Para se tornar um Jurássico o piloto precisa ser indicado por um confrade ou outro Jurássico, ser aprovado pela unanimidade do Conselho dos Fundadores, participar do protocolo e solenidade de admissão, jurar ante os demais confrades o respeito aos quatro pilares da confraria e, isto feito, finalmente ser entronizado como Piloto Jurássico. Além dos pilotos gaúchos já titulados, pilotos brasileiros receberam a honra do título. Júlio Caio Azevedo Marques do Rio de Janeiro e Luís Evandro “Águia” de Campos de São Paulo há alguns anos atrás receberam essa comenda. Na data de aniversário de 21 anos, agora em outubro de 2022 o paranaense Pedro Mufatto.

A noite festiva de 21 anos teve um excelente comparecimento no salão de festas da residência do confrade Valter Soldan na quinta-feira, 6 de outubro.  Cláudio Mueller produziu uma homenagem, um acróstico luminoso com o nome do Capo Roberto Giordani e o ápice com a  solenidade de entronização como Jurássico do piloto paranaense Pedro Mufatto, construtor de carros de competição e do Autódromo de Cascavel, bicampeão paranaense de turismo em 1971 com Fusca e 1972 com Puma, vice-campeão brasileiro de divisão 4 em 1973, e que recentemente, aos 82 anos venceu três provas consecutivas da Fórmula Truck, a última em solo gaúcho, dia 16 de outubro no Autódromos Internacional de Guaporé.

“VIDA LONGA AOS JURÁSSICOS!”

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