
Jabá é um termo muito conhecido no meio automobilístico. Todo jornalista do setor já ganhou um deles. São presentes que as fabricantes, tanto de veículos quanto de peças e acessórios distribuem entre seus convidados. Tem jabás bem simples, como bonés, canetas e cadernetas, camisetas, casacos (quando eventos em lugares frios, como Bariloche, por exemplo) que todos aconselhavam usar durante os eventos, quanto objetos mais relevantes, como máquinas de escrever ou “mini laptop”.

Existem aqueles que distribuem os jabás, como eu fazia, ficando com poucos que tiveram algum significado ou para formar uma pequena coleção de canetas, por exemplo.
Mas existe entre os jornalistas setor, alguém que está organizando o “Museu do Jabá”, que conta com mais de um mil bonés e muitos outros objetos, que devem somar mais de três mil peças (mas ele nunca contou). É preciso salientar que, nem todas as peças foram ganhas por ele. Muitas, herdou de seu pai, também jornalista, que o presenteava desde que ele se “conhecia por gente””.
Gabriel Marazzi, filho de Expedito Marazzi, é o detentor deste museu, com mais de três mil peças. Ele está para organizar o local, mas ainda não teve tempo, porque ele cuida também de um outro “museu”, cujo acervo é formado por vários modelos de carros e motos.
Conforme o próprio Gabriel explica, “os brindes dados pelos fabricantes de automóveis e motocicletas são chamados de jabás, curruptela de jabaculê, aquele “mimo” que as gravadoras davam para os disc-jóqueis para que estes tocassem suas músicas no rádio. O costume de presentear o jornalista com um objeto qualquer ainda existe, apesar de mais moderado”. Mas jabá também é uma saborosa carne, muito famosa no Nordeste.
Ele conta que os jabás mais antigos que formam o seu “Museu” foram ganhos por seu pai, em lançamentos de automóveis nos anos 60 e 70, que ele incorporou à sua coleção. São ítens como um isqueiro de mesa no lançamento do Volkswagen Karmann Ghia, uma bolsa de ferramentas no lançamento do Willys Itamaraty ou uma caixa de LP’s presenteada no lançamento do Simca, com “bolachas de Tom Jobim e Caimmy, Dalida, Billy Vaughan e outros no total de seis LPs (quem lembra deles?)
Do lançamento do Volkswagen Brasília, em 1973, tem um centímetro, daqueles de costureira, com as compactas dimensões do novo carrinho. Isso foi meio que copiado no lançamento mundial do Mercedes-Benz Classe A, na forma de uma trena.
O boné número 1 da coleção de Gabriel, por incrível pareça, não foi um jabá da sua fase já como jornalista. Ele tinha uns dez anos, em 1970, quando ganhou o boné da Jurid (marca de componentes de freios) de um executivo da marca. Daí para frente foi colecionando todos os que ganhava, hoje passando dos mil.
Gabriel conta que – “a marca Jurid sumiu por décadas, mas quando eu recebi um convite do meu estimado e saudoso amigo Luiz Carlos Secco, o Seccão, para uma apresentação da empresa Jurid, que retomava a marca, depois de tanto tempo, não deu outra, peguei meu boné número 1 (lembrei da moeda número 1 do Tio Patinhas) e levei ao evento. Antes de começar, mostrei o boné para o Seccão e ele imediatamente o tirou das minhas mãos e enfiou em seu bolso. O que será?…
Na hora de iniciar sua apresentação, ele tirou o boné do bolso, colocou-o em sua cabeça e contou aos presentes a história do boné. Eu não poderia ter ficado mais satisfeito e orgulhoso naquele momento. Saudade do Seccão”.

O casaco que não serve mais
Como o tempo passa, algumas coisas já não podem mais ser usadas, como aquele casaco do lançamento da Honda CB 450E, em 1983. Era um double-face com o logotipo da nova motocicleta, que hoje, mais de 40 anos depois e 40 quilos a mais virou peça de“ museu”.
Ele destaca um jabá muito especial ganhou em 1989, no lançamento do Chevrolet Kadett, no Rio de Janeiro. No evento, um dos mimos era uma lâmpada de neon com o formato da silhueta do Kadett, que ia espetada em um pesado reator elétrico. Voltando para suas casas por todo o país, a maioria desses neons se quebraram (ele diz ter sido informado disso), mas dele foi levado com muito cuidado para São Paulo. E funciona perfeitamente até hoje, 36 anos depois.
Continuando com a história do seu “Museu do Jabá”, Gabriel fala das legendas das fotos que, segundo ele, contam, brevemente, a história de cada um dos “mimos” que escolheu para mostrar, sendo alguns deles bastante bizarros. Como um abajur de piso fornecido pela Renault nos anos 90, de gosto duvidoso, que ostenta um ralinho de banheiro acima da lâmpada.- “Um dos jabás mais interessantes – revela – e mais úteis, pois fornece uma iluminação indireta muito confortável na minha sala de estar.

Outro jabá muito apreciado foi o jacaré de pelúcia presenteado pela Porsche na ocasião do lançamento do Cayman, na Toscana. Virou seu jacaré de estimação. Quanto ao mini laptop, foi um presente da Fiat, quando do lançamento do Uno. Por que esse “luxo”? Porque, quando do lançamento do 147, anos antes, a fabrica presenteou os jornalistas com uma máquina de escrever portátil. E, para mostrar a evolução da marca, nada melhor que um moderno laptop.
Gabriel lembra que em 1995, a revista inglesa “Cars” publicou matéria destacando os “dez mais” entre os jabás do setor. Ele tem um dos citados. Uma pequena joia da famosa loja Tifanny.
“Para concluir, ele destaca o totem da Porsche no lançamento do Carrera GT, no Louvre. Com seu nome gravado, que marcava o meu lugar na mesa. E hoje marca o seu lugar no acervo.
Então, agora é esperar que o Gabriel resolva organizar o seu “Museu do Jabá”, para que os jornalistas possam visitá-lo e, a cada peça avistada, dizer: eu lembro desse, também ganhei, mas não sei onde foi parar. Assim como aconteceu comigo.
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