Atual bicampeão do Rally dos Sertões, Beco Andreotti esteve na noite dessa terça-feira (12) no Espaço Racing Cube no Auto Show Colection, evento semanal realizado no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP). O navegador levou para a zona norte paulistana o Ford Ranger com que ele e Cristian Baumgart venceram as últimas duas edições da principal prova fora de estrada do País para os visitantes pudessem conhecer o carro.
Construído em 2015 com um chassi tubular pela NWM, empresa baseada na África do Sul, o carro é equipado com motor V8 5.0 do Ford Mustang. Em entrevista exclusiva à RACING, Andreotti disse que a preparação para disputar o Rally dos Sertões foi feita no país africano, que possui características de terreno bastante diferentes em relação às encontradas no Brasil.
“A gente correu ano passado lá, e pudemos notar uma grande diferença de evolução de carros no grid, e o próprio terreno, que exige muito do piloto, do navegador e do equipamento. Foi uma experiência e um aprendizado muito bom, que fez com que a gente fosse cada vez mais rápido e aprendesse mais”, disse Andreotti, antes de falar das diferenças entre as provas africanas e brasileiras.
“O Campeonato Sul-Africano é muito difícil, com um terreno muito pior do que a gente está acostumado aqui. A gente anda aqui no Brasil em trechos de estrada mesmo, muito pouco de trechos de off-road, com vegetação, savana. Lá você tem muito disso, poucas estradas mesmo e mais trechos abertos”, disse Andreotti.
“O terreno é mais duro, a areia é mais macia, mais difícil. As costelinhas de vaca têm 50 centímetros, e não dez. Então você vai exigindo e aprendendo cada vez mais”, seguiu o navegador, que destacou os desafios enfrentados no Sertões deste ano, que começou com uma especial das mais complicadas.
“Foi um rali difícil. e atípico, porque nós já começamos com o primeiro dia como um dos mais difíceis do rali. Foi bem diferente das últimas edições por conta disso, pois a prova começava suave e depois começava a apertar. Tanto é que tiveram aí alguns carros capotados com dez quilômetros de prova”, comentou Andreotti, que destacou a estratégia utilizada por ele e por Baumgart.
“A gente imprimiu um ritmo muito forte desde o primeiro quilômetro da especial, que era o nosso objetivo. Abrimos uma liderança no primeiro dia. No segundo dia, aceleramos mais e abrimos mais um pouco. E a partir dali a gente administrou para conseguir esse bicampeonato”, seguiu o bicampeão da prova, que ainda conseguiu admirar a região de Bonito, que recebeu a chegada do Sertões deste ano.
“Foi muito bacana ir para a região de Bonito (MS), uma região nova em que a gente nunca tinha andado. Então, foi muito bonito andar naquela região, muito prazeroso e bem diferente do que a gente imaginou, sendo só lombas, saltos e retas, e a gente teve bastantes trechos diferentes, andando em savanas. Foi muito bacana essa edição, diferente da edição anterior, que foi para o Jalapão”, disse.
Para a próxima temporada, a FIA fará mudanças no regulamento da classe T1, a principal das competições de rali cross-country do mundo. Andreotti ainda analisa o que fazer para se adequar as novas regras.
“A gente ainda está decidindo o que fazer para adequar nosso carro ao novo regulamento, se vamos correr na África, se vamos fazer as etapas do Mundial. Isso ainda vai ser definido, mas provavelmente vamos fazer provas fora do Brasil, seja no Mundial ou no Campeonato Sul-Africano, que foi onde a gente aprendeu muito”, completou.
Fotos: Leonardo Marson
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