Bird é amigo de todos. Nunca, ao longo destes anos que o conheço, ouvi alguém fazer uma crítica à seu respeito. Por onde ele passa, todas as portas se abrem. Lembro de termos ido juntos ao escritório do Emerson Fittipaldi, em São Paulo, entregar o troféu do Capacete de Ouro, uma vez que o campeão não tinha conseguido ir receber pessoalmente, na premiação.

Bird entrou e foi uma festa: todos vieram cumprimentar. Sentamos em volta de uma mesa e o Emerson não se cansava de contar histórias sobre o automobilismo e de como o Bird tinha sido um ídolo que alimentou os sonhos de muitas gerações.

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Bird Clemente tem 82 anos. Se dedica com o mesmo fervor das pistas, quando corria pela equipe Willys, a manter viva a memória do automobilismo brasileiro. Só na Racing, Bird publicou dezenas de colunas, durante muitos anos, falando sobre pilotos que marcaram a nossa história. Prestando homenagens merecidas aos nossos heróis das pistas, muitos esquecidos e até desconhecidos dos mais jovens.

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Há um ano e meio, aproximadamente, Bird surpreendeu novamente. Estávamos em um evento da Renault e ele tinha uma pasta enorme nas mãos. Abriu e me mostrou a sua nova forma de prestar essas homenagens: fazendo ele próprio as ilustrações dos nossos maiores pilotos, muitas vezes, ao lado dos carros que os levaram à fama. De lá para cá, Bird fez mais de 200 desenhos em grafite. Já não consegue pilotar um carro, deixando-se levar pela sua grande companheira, a esposa Maria Luiza. Entretanto, pilota com muito talento o grafite das suas artes.

Bird separou cinco ilustrações, de cinco pilotos, que vou mostrar agora. Mas o seu trabalho de manter viva a memória do automobilismo vai continuar aqui na Racing. As colunas de Bird Clemente nas edições impressas da Racing serão republicadas agora em edições digitais quinzenais, ilustradas com as artes deste grande mestre. A primeira série deve entrar já na próxima semana.

Neste momento tão difícil para a humanidade, quando o medo até paralisa, Bird Clemente dá mais uma aula de como pilotar a vida, sempre acelerando em direção aos seus sonhos!

Caro amigo Camillo Christofaro
“E ai, Camilão, como você está? É muita curiosidade para saber como estão os companheiros que partiram, especialmente você”.

Caro amigo Chico Landi
“As tuas histórias estão cada vez mais fortes. Esse é o preço do pioneirismo e de ter pertencido a uma época mais romântica, quando os pilotos se expunham muito naqueles carros fantásticos”.

Caro companheiro José Carlos Pace “Moco”
“Não consigo estar com você, mas posso falar-lhe. Estávamos na missa amargando a perda do Luiz Pereira Bueno. A emoção foi redobrada, pois 34 anos e alguns dias nos separavam da sua partida, e o local era o mesmo, a igreja São Gabriel”.

Caro Wilson Fittipaldi “Barão”
“Agradeço à divina providência que me permitiu a satisfação de também receber, compartilhando com você, com o Wilsinho e com o Emerson, a honraria da Personalidade Chico Landi. É incrível”.

Caro companheiro Ciro Cayres
“Eu me lembro de estar na arquibancada de Interlagos, ainda não o conhecia, mas a primeira imagem ficou gravada: você a bordo de uma velha Ferrari subdimensionada para o piloto e para o supermotor Corvette, trajando uma camisa de veludo vermelha de mangas compridas”.

Caro companheiro Bino
“Outro dia, pensando com os meus botões, me dei conta de como foi curta a sua carreira, para frustação dos amantes do automobilismo brasileiro”.