Carlos Col é um grande promotor do automobilismo nacional. Começou nessa função há 22 anos e está envolvido com corridas há 46 anos, quando iniciou no kart. Recentemente, deixou de ser o CEO da Vicar, que organiza a Stock Car, o maior campeonato do país. Mas continua atuando na Stock como conselheiro, principalmente nas áreas técnica e desportiva.
Carlos Col disse nesta entrevista que o automobilismo está no seu sangue e que segue sendo a sua grande paixão: “Tentei me aposentar, mas não consegui. Vou ter essa dedicação ao automobilismo durante muitos anos. Portanto, vocês vão me ver por muito tempo ainda.” Carlos é o gestor da Mais Brasil, empresa de promoção da qual ele é dono. Com isso, esse profissional das pistas e dos bastidores, promove a Copa Truck, a Copa HB20 e agora recebe também a GT Sprint Race em seus eventos. A mais recente novidade: o TCR Sul-Americano fará o lançamento da categoria juntamente com a etapa da Truck, em Goiânia. O jornalista Venício Zambeli, diretor de redação da Racing, também participou da entrevista.
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Como foi a mudança no comando de gestão da Stock Car?
Carlos Col – Em 2019 e 2020 eu tinha uma missão muito clara, com alguns desafios: mudar o conceito e o projeto dos carros da Stock Car e trazer, no mínimo, mais uma montadora para a categoria. Depois, foi acrescentado a isso o desafio da pandemia, que pegou todos desprevenidos. Precisei trabalhar em um plano de contingência para viabilizar o campeonato, com a criação dos protocolos da Covid e com a negociação junto às prefeituras e aos governos para começar as corridas. Depois, outra grande tarefa foi assessorar a negociação que houve entre a T4F (Time for Fun) e o novo fundo de investimentos que acabou assumindo. Auxiliei nessa transição da propriedade da Vicar, empresa organizadora da Stock Car no Brasil. Em dezembro do ano passado, depois das últimas etapas, avaliei que todas as tarefas estavam cumpridas. Tenho a Mais Brasil e um desafio bastante grande que é a Copa Truck (e outras categorias convidadas que participam do evento e necessitam da minha atenção). A tarefa de CEO, da gestão do dia a dia operacional da empresa, acaba tomando muito tempo. Então eu propus que o Fernando Julianelli fosse conduzido à essa função e que eu ficasse dando suporte a ele e aos que precisarem na Vicar, focado na parte técnica e esportiva, que é onde eu tenho grande experiência.
De onde veio a ideia de fazer um pool de categorias? Quantas correm juntas?
Carlos Col – Eu fiz uma otimização no plano de contingência, no ano passado, por conta da Covid. Por isso, acabei juntando Copa Truck, Stock Car e Copa HB20. Este ano voltamos ao normal: a Vicar com as suas categorias (Stock Car e Light) e a Mais Brasil com as suas, recebendo também as corridas da GT Sprint Race. A TCR correrá junto na segunda prova da Truck, em Goiânia. Eles terão três etapas do Sul-Americano aqui no Brasil, mas por questão de calendário só será possível fazer essa prova juntos, na sua estreia. Em 2021, a Truck terá sete etapas.
Como estarão os grids? Mantendo a quantidade de equipes e pilotos?
Carlos Col – Na Copa Truck fizemos uma chamada de pré-inscrições para este ano e supreendentemente recebi 30 pedidos, o que é um grid altamente expressivo. O grid histórico da antiga Fórmula Truck era de 22 caminhões. Talvez não estejam presentes os 30, na primeira etapa, mas estimo que vamos ter ao menos uns 26 caminhões largando. A data será em 11 de abril, previsto para Curitiba. Obviamente que todos os calendários brasileiros estão sujeitos à análise das autoridades locais, de acordo com o momento. Também temos um grid bastante expressivo da Copa HB20, com previsão de 38 a 40 carros, superior ao do ano passado. E temos o grid de 20 carros da GT Sprint Race, categoria comandada pelo Thiago Marques, que eu recebo no nosso evento com muito prazer. Vamos unir forças para fazer todas essas provas com louvor.
Com relação aos patrocínios dos próprios campeonatos e das equipes, como está a situação?
Carlos Col – Os patrocínios da Vicar com a Stock estão todos assinados. Das equipes temos 95% assinado, até o momento. Na Copa Truck acontece algo semelhante: os patrocínios do campeonato estão 90% assinados, só faltam alguns detalhes das demais assinaturas. E as equipes, até pelo número de inscrições, demonstram que já estão equacionados, na sua grande maioria.
A Fórmula 1 estuda novos formatos de corridas mais curtas. E a Stock inclusive adotou esse formato para se encaixar melhor no tempo de transmissão de TV. O que há de positivo nisso?
Carlos Col – Precisamos dar visibilidade aos campeonatos. E a melhor forma é pela televisão. Então torna-se necessário moldar formatos que sirvam para a transmissão em TV. Foi isso que fizemos no passado e que vamos fazer agora. Tanto a Truck como a Stock estão com transmissão na Bandeirantes, em sistema aberto. Na Stock Car vamos manter duas corridas com pontuação separada e com inversão do grid dos dez primeiros. Algo já consagrado. Para caber na transmissão de 1h10, adaptamos a situação com um sistema que usei na Copa Truck do ano passado, em Goiânia, e que funcionou muito bem. A ideia é fazer a inversão do grid durante a intervenção de um Safety Car, sem a parada dos carros, e com isso a gente economiza tempo. Assim, vamos adotar essa estratégia novamente este ano na Truck e também na Stock Car. Já está tudo alinhado com a Band.
Na sua opinião há espaço no Brasil para duas categorias diferentes que envolvem modelos de carros de turismo, com link para montadoras, como ocorre entre Stock Car e TCR?
Carlos Col – Como em qualquer mercado, existe essa questão da concorrência. Se cabem ou não cabem, o tempo é que vai dizer e vai provocar cada uma a procurar o seu espaço. Mas fazendo uma comparação entre essas duas categorias citadas, elas estão do mesmo lado, mas são “bichos” diferentes. A Stock Car tem uma proposta técnica: é uma categoria para pilotos e equipes profissionais. É a mais potente do nosso país em termos de turismo. Não está desenhada para gentleman drivers como é a Porsche, apesar que os seus modelos têm potência semelhante à da Stock. Já a TCR é uma outra proposta: ela não é Pro Series, os seus carros têm uma potência bastante menor. Não quer dizer que sejam piores, apenas que cada um tem o seu nicho. O que me preocupa nesse caso é o custo, pois são importados em euros, e as reposições também. Então precisa ver a reação do mercado quanto a essa relação custo-benefício. Não há que se negar que a TCR tem tido sucesso pelo mundo afora, porque está em muitos países, em muitos campeonatos nacionais, regionais e no próprio campeonato mundial. Isso demonstra ser uma fórmula que tem aceitação. Como será na América do Sul? Vamos aguardar um pouco para ver.
Quando você acha que os autódromos voltam a abrir os portões para o público?
Carlos Col – Eu trabalho com uma expectativa do segundo semestre, de voltarmos a ter público parcial na relação de 20 ou 30%. É o que já vemos em outros países e em outros esportes. Na última etapa de Interlagos do ano passado, que havia um evento conjunto com várias categorias, eu tive autorização para receber cerca de 2.000 pessoas entre VIPs e arquibancada. Mas optei por não usar essa possibilidade: fizemos uma pequena área VIP muito aberta e espaçada, com protocolos muito rigorosos e com apenas 200 convidados. Mas acredito que vamos ter essa liberação este ano, paulatinamente.
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