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Augusto Farfus fala sobre o DTM à RACING

8 Minutos de leitura

  • Publicado: 13/04/2016
  • Atualizado: 13/04/2016 às 14:04
  • Por: Racing

<p><img alt="Farfus liderou o primeiro dos quatro dias de testes do DTM em Hockenheim" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/bmw_03_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Augusto Farfus está otimista para a temporada 2016 do DTM, o Campeonato Alemão de Turismo, um dos mais importantes e disputados torneios do automobilismo mundial. O piloto da BMW participou dos testes de pré-temporada da categoria na última semana, e liderou o primeiro dos quatro dias de atividades em Hockenheim, um dos circuitos mais tradicionais do esporte a motor alemão.</p>

<p>O piloto conversou com a RACING sobre a expectativa para o campeonato deste ano, que tem seu início marcado para os dias sete e oito de maio, também em Hockenheim. Farfus também falou de sua vida na Europa, para onde se mudou no fim dos anos 1990, a união entre todos os envolvidos na categoria alemã, que cresce em interesse a cada ano, e de suas impressões sobre a Stock Car.</p>

<p><strong>Racing: Como está sua programação após os testes do DTM?</strong><br />
<strong>Augusto Farfus:</strong> Estou em Mônaco, depois volto para Munique. A gente se acostuma a fazer isso. Mudei para a Europa em 1999, desde então passei muito mais tempo na Europa do que no Brasil. E eu tenho minha filha, minha esposa, então você muda suas prioridades, suas rotinas. Tenho coração brasileiro, mas com um ritmo de vida europeu. Você acostuma com a saudade.</p>

<p><strong>R: Você sente mais saudades do Devon’s ou do Café de Paris?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sinto saudades da minha infância, pois cresci dentro do Devon’s. Estava todo dia dentro do restaurante com meus pais. E hoje eu passo o dia com minha esposa e minha filha. Você vai encontrando e conhecendo o outro lado da vida, mas a saudade sempre fica. Não vivo mais com meus pais, embora que minha mãe está me visitando.</p>

<p><strong>R: Você já está adaptado ao carro deste ano?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Então, a gente começou agora. Os quatro dias em Hockenheim foram quando eu tive a oportunidade de correr com a versão final do carro deste ano. Como a gente vai ter um regulamento novo no DTM em 2017, foi feito um acordo entre os construtores para que o carro de 2016 fosse “congelado” em relação ao de 2015. Não existiram grandes atualizações no carro para evitar custos, pois no ano que vem teremos um novo carro. Mas, como a BMW não teve um ano competitivo, foi nos dada uma asa traseira cinco centímetros mais larga e 7,5 quilos menos no peso do carro, isso para nos deixar mais próximo de Audi e Mercedes em termos de performance e, depois, para ter um campeonato competitivo.</p>

<p><strong>R: Você já sentiu melhoras no carro com estas mudanças?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sem dúvida nenhuma. Liderei o primeiro dia de treinos, depois eu andei no último dia e fui o mais rápido na parte da tarde. Só o Timo Scheider, que estava testando os pneus para 2017, virou mais rápido do que eu. Mas na última sessão da tarde, quando a pista estava mais lenta, eu fui o mais rápido. Em simulação de corrida nosso carro melhorou. Agora é ver em que pé estão Mercedes e Audi para ver se essas mudanças serão suficientes. Mas nosso carro teve um ganho de performance indiscutível.</p>

<p><img alt="BMW tem mudanças importantes para a temporada deste ano do DTM" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/bmw_05_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p><strong>R: Essas alterações conseguiram de fato equalizar os carros das três marcas?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sim! A grande diferença para a Fórmula 1 é que as montadoras trabalham em completa união e harmonia, apesar da competição. A grande diferença do DTM para qualquer outra categoria se dá no show. A parte burocrática vem em segundo plano. Este é um dos motivos do DTM, todos os anos, ter alguma pequena modificação, como utilizar o DRS, ou mudar a tomada de tempos, ou a introdução das rodadas duplas. A gente trabalha em associação de pilotos, como existe na Fórmula 1, onde damos opiniões sobre o que deveria ser feito, mas também existem reuniões com os construtores, buscando fazer com que, todo ano, o campeonato seja mais atrativo para o público, o que, infelizmente, não acontece na Fórmula 1, onde o foco é a tecnologia e a performance dos carros, mas acabam se esquecendo do show. A gente corre e as pessoas assistem porque querem ver as corridas, as ultrapassagens, as disputas. Lógico, existe a tecnologia e a sofisticação por trás. Essa é a grande diferença do DTM para a Fórmula 1. Tanto é que, se você olhar o grid do DTM, todas as provas, do primeiro ao último, a diferença está em sete, oito décimos. Essa ajuda que o DTM deu com a mudança nos carros do BMW, é o suficiente para a gente poder largar entre os cinco primeiros.</p>

<p><strong>R: A categoria está a serviço da promoção das montadoras que dela participam.</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sim. Em uma comparação distante, o DTM é uma categoria que está entre a Nascar e a F1. Ela tem a sofisticação dos carros como a F1, mas tem um show como o da Nascar, que utiliza carros ultrapassados como tecnologia, mas faz um show fantástico. A Fórmula 1 tem a melhor tecnologia disponível no mundo, mas o show deixa a desejar. A gente tenta colocar o DTM neste espaço efetivo, que pega um pouco da F1 e um pouco destas disputas da Nascar.</p>

<p><strong>R: Você não vai andar em Le Mans neste ano?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Não posso dizer que não vou andar. Os quatro carros são concorrentes diretos da BMW. Já corri em carros GTs em Le Mans, mas por questões contratuais, não posso participar. Ano passado estive próximo de correr de LMP2, mas de última hora tive compromisso com o DTM e não pude participar dos testes oficiais. Como minha prioridade é 100% a BMW, minha decisão para Le Mans sempre é tomada muito tarde. Nos últimos anos não consegui casar um carro competitivo e encaixar na minha agenda. Mas tenho certeza de que em um futuro muito breve voltarei a fazer. Gosto muito de lá, fiz a pole em 2011, espero voltar, pois é a corrida de 24 Horas mais tradicional do mundo. E eu, que adoro correr 24 Horas, faço questão de participar.</p>

<p><strong>R: Você é o piloto mais antigo na BMW?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sou o mais antigo dentro da marca, mas não sou o mais velho. São dez anos como piloto BMW, então acabo falando em entrevistas que, se me oferecerem um contrato vitalício, eu assino de olhos fechados. É minha casa, minha família, gosto de todos, faço parte da história. Enfim, ficaria mais dez, 20, 30 anos.</p>

<p><strong>R: Como foi correr na Stock Car neste ano? Como você situa o DTM com a participação aqui no Brasil?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Antes de qualquer coisa, poder correr com o Rubens (Barrichello) e o Maurício (Ferreira) é um privilégio. A paixão que o Rubens tem pelo automobilismo é única. Conheci a categoria em 2014, quando corri com o Rubinho em Interlagos, e a categoria é fantástica para os padrões brasileiros. Pelas dificuldades que o Brasil passa, com mão de obra qualificada, com a federação em si, que tem dificuldades, o mercado e a mídia nacional, que não apoia o automobilismo da forma que se deve. Considerando todo o cenário nacional, a categoria é espetacular. Se você pedir para comparar o carro do DTM com o da Stock Car, não dá, mas por serem realidades diferentes. No DTM são carros pagos pelas montadoras, e na Stock Car são carros pagos por patrocinadores e equipes. Mas é uma categoria bem feita, com um espetáculo muito bom, com um grid altamente competente. É uma categoria que se encaixa perfeitamente para o mercado brasileiro e que eu gostei demais. Quem sabe daqui um tempo considerarei com todo o coração correr por lá.</p>

<p><img alt="Farfus participou da Corrida de Duplas da Stock Car ao lado de Rubens Barrichello" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/miguel_costa_jr_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p><strong>R: Como você analisa o fornecedor de pneus do DTM?</strong><br />
<strong>AF:</strong> A Hankook escolheu três pilotos para o desenvolvimento dos pneus de 2017 e eu fui um dos escolhidos. O meu terceiro dia de testes foi direcionado para o desenvolvimento destes pneus. Não pude treinar com o carro de 2016, fazer acerto, nem nada. O DTM é uma família, pois a gente tem consciência que a união faz a força. O Hankook talvez não seja o pneu mais rápido para um carro do DTM, mas o trabalho com eles é fantástico. Os carros de série saem de fábrica com os pneus deles. Então foi criada uma relação da Hankook não só com o DTM, mas também com pilotos e montadoras. Existe esse trabalho mútuo. Lógico, eles são coreanos, têm uma realidade diferente, mas trabalham unidos para chegar ao mesmo ponto. Falamos como queríamos os pneus para 2017, pois os que temos atualmente são muito bons, e isso é um problema, pois eles têm uma degradação muito pequena, o que não ajuda o show, as estratégias. Uma das pautas para 2017 é ter um pneu que tenha maior degradação, para que as equipes tenham mais liberdade com a estratégia, e também para que o piloto possa fazer a diferença sobre como cuidar dos pneus durante a prova. Isso talvez seja único no cenário do motorsport, ter essa relação aberta, onde a gente conversa e fala como que as coisas devem acontecer. E assim a gente cria um campeonato competitivo e cada vez maior. Ao contrário da Fórmula 1, nosso público aumenta todo o ano. Isso é algo importante que a gente tem orgulho de falar, pois tanto a audiência quanto o público aumentam. A corrida de Hockenheim, na abertura, a gente consegue um público muitas vezes maior que o da Fórmula 1.</p>

<p><strong>R: O DTM também tem um público muito jovem, não?</strong><br />
<strong>AF:</strong> Sim, o DTM consegue renovar seu público. Uma das diferenças é que no DTM você tem o fã da BMW, da Audi, o que é muito comum. Na F1 tem a Ferrari, mas no DTM o cara torce para a BMW porque ele tem uma BMW na garagem dele. Então o cara vai para a arquibancada ver a BMW ganhar da Mercedes do amigo dele, não importa se é com o Augusto Farfus, com o Bruno Spengler ou o Timo Glock. Tem os caras que vão ao autódromo como no GP do Brasil, mas 90% do público vai lá pela montadora. Então, no caso de Hockenheim, que é perto de Stuttgart, Ingolstadt e Munique, você tem uma arquibancada fechada só para funcionários da BMW. Você tem quatro, cinco mil funcionários, que vão ver a corrida para ver o carro que construíram.</p>

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