“A amizade… Nem mesmo a força do tempo irá destruir”. Os versos iniciais do refrão do samba “A Amizade”, gravado pelo grupo Fundo de Quintal em 1991, são representados em uma das parcerias mais bem-sucedidas do esporte a motor brasileiro. Responsável por criar a Escuderia Fittipaldi, única equipe brasileira a disputar o Mundial de Fórmula 1, Wilson Fittipaldi Júnior perdeu um de seus grandes amigos no último sábado (25): o engenheiro Ricardo Divila, que morreu aos 74 anos após sofrer com complicações de um câncer no pâncreas e de um acidente vascular cerebral (AVC).
Wilsinho e o irmão, o bicampeão mundial Emerson Fittipaldi, criaram o projeto da Escuderia Fittipaldi (ou Copersucar, em alusão ao patrocínio do time), e integraram Divila, engenheiro aeronáutico, ao projeto. Coube ao paulistano desenhar os primeiros carros do time brasileiro, que disputou oito temporadas na mais importante categoria do automobilismo mundial. Os primeiros quatro modelos da esquadra brasileira levavam no nome a sigla “FD”, em referência a Fittipaldi e Divila.
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O projetista se tornou diretor da Escuderia Fittipaldi, onde permaneceu até o fechamento do time, ocorrido em 1982, e viu passar pela equipe pilotos como Alex Dias Ribeiro, Ingo Hoffmann e Chico Serra. Os últimos dois, depois, se tornariam lendas da Stock Car. Divila seguiu o seu caminho na F1, atuando por Ligier, Minardi e Fondmetal, trabalhando posteriormente em equipes que disputavam as 24 Horas de Le Mans. Mas a relação de amizade com Wilsinho, como a letra do Fundo de Quintal diz, seguiu.
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Em depoimento para RACING, Wilson Fittipaldi Júnior falou sobre a perda do amigo Divila. De acordo com o ex-proprietário da Escuderia Fittipaldi e atual consultor da Fórmula Vee Brasil, categoria de monopostos que realiza suas corridas prioritariamente no Campeonato Paulista de Automobilismo, o engenheiro manteve a parceria nos últimos anos em alguns projetos, mesmo trabalhando em seu retorno às 24 Horas de Le Mans, prova em que acumulou vitórias em divisões em mais de 30 participações.
Confira abaixo o depoimento de Wilson Fittipaldi Júnior:
“Companheiro de uma vida toda! Obrigado meu amigo Ricardo Divila por termos concretizado nosso sonho, um Fórmula 1 brasileiro.
Dias atrás, quando ainda se recuperava no hospital, eu falei com ele: ‘E aí, quando você vem ao Brasil? Temos muitas coisas para fazer’. Ele respondeu dizendo que já estava pronto para ir para casa, mas que ainda não conseguia escrever e desenhar com a mão direita, mas já estava aprendendo a usar a esquerda.
Estávamos trabalhando em vários projetos, como trazer a Fórmula 4 para o Brasil e também na construção de um novo carro, inspirado num Porsche, para correr nas 24 horas de Le Mans, e que também teria uma versão de rua. Também estávamos preparando um novo Fórmula Vee, além do atual que ele ajudou a modernizar.
O Divila ainda me disse que estava preocupado com os 20 computadores que tinha em casa e todo o material arquivado. Tomara que possamos um dia usar o que ele deixou, que fará parte de seu legado no automobilismo.”
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