<p><em style="line-height: 1.6em;"><strong>Texto de Americo Teixeira Jr. publicado na edição 55 da Revista Racing (novembro de 2000). Adaptações por Rafael Ligeiro.</strong></em></p>
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<p><img alt="Emerson Fittipaldi celebra vitória e título no pódio do GP italiano" src="/wp-content/uploads/uploads/fittipaldi_1972_monza_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>O dia 10 de setembro de 1972 entrou definitivamente para a história do automobilismo mundial e, mais particularmente, do esporte a motor no Brasil por causa de Emerson Fittipaldi. Naquele dia, no lendário circuito de Monza, o piloto brasileiro de 25 anos conquistava o primeiro título mundial de sua carreira e passava a ser o mais jovem campeão mundial da história do certame. E não poderia ter sido de maneira mais contudente a conquista.</p>
<p>Na décima etapa do Campeonato Mundial de Pilotos e Construtores de Fórmula 1 de 1972, de um total de 12 corridas, Fittipaldi nem precisaria vencer a prova com seu Lotus 72D, o super vencedor projeto de Colin Chapman e Maurice Philippe. Afinal, com os 52 pontos conquistados até aquele momento, Fittipaldi necessitava apenas de mais três pontos para sacramentar a conquista pioneira.</p>
<p>Tal realidade fazia com que seus diretos adversários em relação ao título – o belga Jacky Ickx (Ferrari) e o então bicampeão mundial, o escocês Jackie Stewart (Tyrrell) – dependessem de alucinantes malabarismos matemáticos para tentar o título naquele ano. Nada disso importou, porém, porque Fittipaldi não apenas conquistou os três pontinhos que precisava mas, principalmente, obteve em Monza a sexta de suas vitórias na Fórmula 1.</p>
<p><img alt="Emmo superou dificuldades para faturar seu primeiro título na F1" src="/wp-content/uploads/uploads/fittipaldi1972_monza_1_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>Do lado dos adversários, Stewart deixaria a prova ainda na largada, com problemas na embreagem – nem conseguiu partir. E Ickx, mesmo tendo liderado boa parte da competição, abandonou, faltando nove voltas para a bandeirada final (em razão de uma pane elétrica). A desistência de um carro Ferrari em plena pista de Monza fez com que Emerson pulasse da segunda à primeira colocação na prova.</p>
<p>Assim, ao final de 55 voltas do 23º Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1, com o tempo de 1h29m58s4, Fittipaldi recebia a consagradora bandeirada da dupla conquista diante de um vibrante Colin Chapman em plena reta principal, jogando seu boné preto ao ar.</p>
<p><img alt="Adversário de Fittipaldi, Stewart sequer largou com seu Tyrrell-Ford" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/stewart_monza_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>
<p><span style="color:#FFFFFF;"><strong>.</strong></span></p>
<p><strong>Quase que dá zebra</strong></p>
<p>Mas se tudo isso parece um roteiro cuidadosamente escrito para um final feliz, acontecimento que antecederam a prova montaram um quadro que poderia ser perfeitamente enquadrado em um filme de horror, alimentado em seu clima de mistério pela inacreditável onda de complicações que sempre seguiu Colin Chapman, o todo-poderoso dono da equipe Lotus, em jornadas por solo italiano. </p>
<p>Para quem acredita em sorte e azar, trata-se de um prato cheio. Foram vários acidentes em ocasiões anteriores, mas nenhum com a dramaticidade do verificado em 1970, quando o austríaco Jochen Rindt também chegara a Monza como candidato ao título antecipado e acabou morrendo em um terrível acidente na curva Parabólica (oito anos depois, também em Monza, outro piloto da Lotus, Ronnie Peterson também morreria em um acidente).</p>
<p><img alt="Pole position, o belga Jacky Ickx liderou por 40 voltas antes de abandono" src="/wp-content/uploads/uploads/ickx_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>Naquele 1972, a participação da Lotus também resvalou nesse quadro de halloween. O caminhão da equipe que transportava o carro de Emerson sofreu um sério aciedente já em território italiano, provocado pelo estouro de um pneu. Com o caminhão desgovernado, o choque na proteção da pista foi inevitável e quase houve um capotamento. <span style="line-height: 1.6em;">Calcule um caminhão de corridas, carregado de chassis e peças, sofrer um acidente em uma estrada!</span></p>
<p><span style="line-height: 1.6em;">Para piorar a situação, alguns mecânicos feriram-se com gravidade – um deles, Steve Gooda, chegou a sair pelo parabrisa. Passado o susto e tendo sido constatado que os ferimentos dos mecânicos, em que se pesem sérios, não implicariam em risco de vida, o que se verificou no momento seguinte foi a tentativa de operacionalizar uma estratégia de guerra para recuperar o tempo perdido.</span></p>
<p><img alt="Colin Chapman comemora título da temporada obtido por Fittipaldi" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/chapman_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>
<p><span style="line-height: 1.6em;">Entre trazer o caminhão acidentado para a pista, esperar a chegada de novos equipamentos da sede na Inglaterra e tornar tudo isso competitivo novamente, foi uma maratona. E só mesmo essa dedicação dos mecânicos permitiu que o Lotus 72 de número seis entrasse na pista na sexta-feira, 8 de setembro, no finalzinho da tarde. O carro andou, mas repleto de problemas de freios e de suspensão. De fato, o 72D estava com uma tendência extremamente perigosa em sair de traseira. Mesmo assim, Emerson largou em sexto, apenas a 0s64 do pole Ickx com a marca de 1m35s65.</span></p>
<p><span style="line-height: 1.6em;">No domingo, pouco antes da prova, percebeu-se um vazamento de combustível no interior do cockpit. Era demais! Faltavam minutos para o alinhamento dos carros e os mecânicos da Lotus ainda bombeavam combustível e tentavam tirar o que havia alagado o interior do carro do brasileiro. Diante de tanta tensão e atropelos, somente uma soberba vitória para virar o jogo da equipe inglesa naquele fim de semana. E aconteceu!<br />
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Nascia então o mito Emerson Fittipaldi.</span><br />
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