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Competições
Memória Racing: Piquet e Brabham, que dupla!

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  • Publicado: 10/10/2016
  • Atualizado: 27/03/2019 às 9:55
  • Por: Racing

<p><strong>Texto de Venício Zambeli publicado na edição 58 da Revista Racing (dezembro de 2000).</strong> </p>

<p><img alt="Nelson Piquet, então aos 31 anos, alcançou o seu segundo título na F1" src="/wp-content/uploads/uploads/piquet2_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Ao conquistar o bicampeonato em 1983, Nelson Piquet inaugurou a fase dos campeões da era turbo. O título foi conseguido com o modelo Brabham BT 52 equipado com o motor de quatro cilindros BMW. Depois de alguns anos de resistência, os propulsores aspirados não conseguiram acompanhar a potência e a força do novo componente mecânico.  O resultado foi um grande equilíbrio entre as equipes de ponta na época, gerando muitas disputas por posições durante as corridas.</p>

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<p>As provas da competitividade foram as vitórias de vários pilotos nos Grandes Prêmios da temporada. No total de 16 corridas do campeonato, oito diferentes competidores venceram.</p>

<p>Mas a verdadeira disputa ficou mesmo entre Nelson Piquet e Alain Prost, que corria naquele ano pela equipe Renault, com motor da mesma marca (V6 Turbo). O piloto francês iniciava a sua saga de luta contra os pilotos brasileiros – anos mais tarde viria a disputar outros títulos, com o próprio Piquet (vencendo-o em 1986) e também com Ayrton Senna (de 1988 a 1990).</p>

<p>Os pit stops foram muito importantes na temporada de 1983. As paradas nos boxes envolviam, além da troca de pneus, o reabastecimento, mas apenas uma vez por corrida. Mesmo assim, a agilidade no trabalho realizado pelos mecânicos conseguia descontar ou somar tempo importante para o resultado em pista. E este foi um dos trunfos de Piquet. A equipe Brabham sempre conseguiu fazer boas marcas de pit stop, devolvendo o brasileiro rapidamente às pistas. O tempo de uma parada ficava em torno de 14 a 16 segundos, mas o time de Bernie Ecclestone terminava o serviço na faixa dos 11 segundos.</p>

<p><img alt="Brabham executava pit stops até cinco segundos mais velozes que rivais" src="/wp-content/uploads/uploads/piquet_pit_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Como em seu primeiro título, Piquet teve muito trabalho durante a temporada. Contando a vitória na etapa de abertura, no Rio de Janeiro, o piloto do Brabham número cinco fez uma temporada regular, somando pontos em dez das 16 corridas realizadas. A festa do público no circuito de Jacarepaguá após o primeiro lugar de Piquet no GP do Brasil mostrava que o país já repartia de igual para igual suas emoções entre o futebol e a Fórmula 1.</p>

<p>Nas ruas de Long Beach, nos Estados Unidos, um problema no acelerador tirou Piquet da prova. John Watson, com McLaren TAG, venceu sua única corrida no ano. O circuito seguiu para a Europa e Alain Prost começou a mostrar sua competitividade na corrida de seu país. Depois de fazer a pole position – a primeira de três naquele ano, o francês venceu a corrida. Piquet terminou em segundo.</p>

<p><img alt="Prost: vencedor do GP da França e rival de Piquet na luta pelo título" src="/wp-content/uploads/uploads/prost1_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Em San Marino, a Ferrari mostrou que poderia também incomodar os dois favoritos. René Arnoux marcou a pole position diante dos “tifosi”. Mas foi Patrick Tambay, também da escuderia italiana, que ficou na frente, depois de uma boa briga contra o italiano Riccardo Patrese, da Brabham. Piquet enfrentou problemas com o motor logo na largada, conseguindo sair depois que todos partiram, mas abandonou voltas depois. Enquanto isso, Prost fazia mais seis pontos com um segundo lugar e igualava o brasileiro na pontuação.</p>

<p>Keke Rosberg, campeão do ano anterior pela mesma equipe que disputava o campeonato, a Williams, ganhou nas ruas do Principado de Mônaco. Piquet e Prost vieram logo atrás. Na descida para o contorno da curva Mirabeau, um verdadeiro desafio de coragem aos pilotos mostrava que, para dirigir aqueles 800 cavalos de potência naquelas ruas estreitas, tinha que ter muita perícia.</p>

<p>Na Bélgica e nos Estados Unidos, Piquet acumulou mais seis pontos com dois quarto lugares, construindo o título aos poucos. Prost venceu no circuito belga de Spa-Francorchamps e Michele Alboreto chegou à sua segunda vitória na carreira (em um total de cinco) no circuito de rua de Detroit, com sua Tyrrell.</p>

<p><img alt="Alboreto: responsável pela última vitória da Tyrrell na F1, em Detroit" src="/wp-content/uploads/uploads/alboreto_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>No Canadá, René Arnoux conduziu sua Ferrari ao lugar mais alto do pódio, mantendo-se com chances matemáticas na temporada e seu companheiro de time, Patrick Tambay, fazia mais quatro pontos e empatava com Piquet na segunda colocação geral, atrás de Prost.</p>

<p>No Grande Prêmio seguinte, o da Inglaterra, em Silverstone, uma disputa direta na pista entre Prost e Piquet confirmava que o título deveria ficar com um dos dois pilotos. Foi também na Inglaterra que estreou a equipe Spirit, tendo como piloto o sueco Stefan Johansson. Mas o principal atrativo do time era o motor Honda, que marcava a volta da marca japonesa às competições de Fórmula 1 depois de 15 anos.</p>

<p><img alt="Como fornecedora de motor à Spirit, Honda retornou à F1, em Silverstone" src="/wp-content/uploads/uploads/spirit-honda_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Na Alemanha, quando tudo parecia dar certo para Piquet, seu motor BMW quebrou apenas três voltas antes do final, quando o brasileiro ocupava a liderança e Prost era apenas o quinto. Eles seguiram disputando os pontos palmo a palmo nas duas corridas seguintes. Na Áustria, Prost venceu e Piquet foi terceiro.</p>

<p>A temporada seguia para sua parte final e o piloto da Brabham sabia que era a hora de uma reação para se manter na disputa pelo título. Naquele momento, Prost somava 51 pontos, contra 37 acumulados por Piquet. Arnoux vinha em terceiro, com 34.</p>

<p>E foi no GP da Holanda, em Zandvoort (uma das pistas prediletas de Nelson), que os dois pilotos puderam travar uma bela disputa direta, mas que acabou com um toque, provocado por um erro de freada de Prost, ao tentar ultrapassar Piquet. O incidente jogou o brasileiro para fora da pista e causou um problema de suspensão no Renault do francês, tirando os dois pilotos da prova.</p>

<p><img alt="Batida entre Prost e Piquet resulta no abandono de ambos na Holanda" src="/wp-content/uploads/uploads/prost_piquet_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Prost admitiu o erro e Piquet mesmo disse que foi uma situação de corrida, frisando seu estilo de pensar – a favor de um modo agressivo de pilotar. Ele sabia que, para controlar toda a “cavalaria” daqueles potentes motores turbo, eram necessárias muita perícia e uma certa dose de risco.</p>

<p>Depois da prova inicial da temporada de 1983, Piquet só voltou a vencer no GP da Itália, em Monza, já na fase final  do campeonato. Ganhou a prova inicial também em Brands Hatch, durante o Grande Prêmio da Europa, e garantiu assim uma arrancada fundamental para a conquista do bi.</p>

<p><img alt="Piquet recebe troféu por vitória em Brands Hatch, terceira naquele ano" src="/wp-content/uploads/uploads/piquet_europa_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Depois destas duas corridas, a Fórmula 1 foi disputar sua última prova daquele ano, na África do Sul. Como em 1981, Piquet chegava em desvantagem no quadro geral de pontos, com Prost dois pontos à frente. René Arnoux, da Ferrari, também mantinha chances matemáticas de título.</p>

<p>Fazendo mais uma corrida cautelosa, Piquet manteve-se na primeira colocação durante mais da metade da corrida, até que Prost abandonasse com problemas no turbo do motor. Restava apenas ao piloto carioca chegar entre os quatros primeiros para garantir o bi. Assim sendo, Nelson economizou equipamento, deixando seu companheiro de equipe, Riccardo Patrese, assumir a ponta e também Andrea de Cesaris ultrapassá-lo.</p>

<p>Piquet acabou a prova na terceira colocação, suficiente para conquistar quatro pontos e terminar o Mundial dois pontos à frente de Prost.</p>

<p>Foi a vitória de um piloto dedicado e o dia 15 de outubro de 1983, em Kyalami, marcou o bicampeonato de Nelson Piquet – que se constituiu no quarto título do Brasil na F1 até então – e a confirmação de que o ídolo brasileiro ainda traria muitas alegrias para os amantes do automobilismo.</p>

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