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Memória RACING: Gil é campeão

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  • Publicado: 16/11/2016
  • Atualizado: 27/03/2019 às 9:45
  • Por: Racing

<p><strong>Texto de Venício Zambeli publicado na edição 55 da Revista RACING (novembro de 2000). Adaptações por Rafael Ligeiro.</strong></p>

<p><img alt="De Ferran faturou o segundo título brasileiro na CART, em 2000" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/gil-mini_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Quando em 1989 Emerson Fittipaldi venceu o campeonato da Fórmula CART (naquela época denominada Fórmula Indy), a expectativa era de que as portas abertas na América pelo piloto dariam margens para conquistas brasileiras na categoria, da mesma forma como ele fez na Fórmula 1. O interesse de pilotos nacionais em participar da competição “americana” aumentou e serviu como opção de correr em um patamar top do automobilismo, além da Fórmula 1. E logo vimos um “boom” de brasileiros na CART.</p>

<p>Todos eles com méritos e bagagens de bons resultados em categorias inferiores. Mas desde o título conquistado por Emerson Fittipaldi que nada havia sido conquistado. Foram acúmulos de resultados fracassados e esporádicas vitórias, até que chegou 2000.</p>

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<p>No início do campeonato, já se sabia do otencial dos brasileiros. E nunca somamos tantas vitórias em uma só temporada, além de coroar o final da competição com um pódio totalmente nacional e conquistado novamente o título, agora por meio de Gil de Ferran, vice-campeão da temporada 1997.</p>

<p>Contudo essa conquista não foi fácil. Depois da desastrosa largada no penúltimo round, na corrida da Austrália, De Ferran deixou para a derradeira prova a disputa pelo campeonato. Mais uma vez existia a chance de escapar outro título do país. Mas, com muita competência, Gil foi campeão.</p>

<p>A corrida disputada no superspeedway de Fontana, na Califórnia, Estados Unidos, trouxe muitas surpresas e mudanças de posições durante a prova. A começar pela paralização da corrida no domingo, após o início da chuva. Como os carros da CART não correm em ovais com pista molhada, apenas 33 voltas foram completadas no domingo. A continuidade da etapa foi transferida para o dia seguinte.</p>

<p>Durante as primeiras voltas, apenas dois fatos importantes aconteceram. Ficaram de fora, logo no início, Cristiano da Matta e Paul Tracy (que tinha chances matemáticas de título). O motor Honda do canadense explodiu e lançou na pista vários destroços. Um deles atingiu o braço direito da suspensão dianteira do piloto mineiro, que foi parar no muro.</p>

<p>Na segunda-feira, logo após o reinício da competição, dava para prever como seria a corrida. Uma série de ultrapassagens modificava a cada instante as colocações de todos que estavam na pista. Na frente brigavam Juan Pablo Montoya, Kenny Brack e Helio Castroneves, entre outros.</p>

<p>Gil de Ferran fazia uma corrida cautelosa, sem forçar o equipamento – ao todo foram mais de 800 km percorridos na etapa, corridos a uma velocidade média próxima dos 360 km/h. Por sua vez, o principal adversário do brasileiro era o mexicano Adrían Fernández. Ele precisava chegar à frente de Gil para tentar ser campeão.</p>

<p>Enquanto a equipe Penske, de Ferran, pretendia fazer uma estratégia sem riscos para a prova, o time de Fernández, a Patrick, decidiu ousar em um plano diferente, incluindo mais paradas no pit. Mas com o grande número de bandeiras amarelas durante as 250 voltas, todos acabaram adotando a mesma estratégia.</p>

<p>Gil mantinha-se entre os nove primeiros, administrando sua posição à frente de Adrían, que sempre acompanhava um pouco mais atrás. Os lugares se alternavam apenas nas horas das paradas ou em algumas ultrapassagens, que logo eram recuperadas.</p>

<p>Ao final da prova, apenas seis carros se mantiveram na pista, entre eles Ferran – em terceiro lugar – e Fernández, em quinto.</p>

<p>Durante a corrida, muitos foram os pilotos que abandonaram por conta de quebra de motor em seus carros: Tony Kanaan, Jimmy Vasser, Dario Franchitti, Juan Pablo Montoya e Alex Barron. Outros saíram por causa de acidentes, como Michael Andretti e Cristiano da Matta. Os mais graves foram as batidas de Oriol Servia, que colidiu forte no muro após a explosão do motor Mercedes-Benz do Mo Nunn de Kanaan, que estava bem à sua frente. Já Helio Castroneves acertou o muro após uma rodada por conta de uma falha em seu motor. Ambos os pilotos precisaram ser retirados do carro com o auxílio do resgate, mas nada de grave aconteceu. Helinho realizou exame em um hospital apenas para verificar as fortes dores no pescoço e nas costas gerados pelo choque.</p>

<p>No final da prova, mais uma batida. Alex Tagliani também achou o muro e exigiu a bandeira amarela com o seu carro parado destroçado no meio do traçado.</p>

<p>Restavam apenas quatro voltas para o término da corrida e o fato antecipou o título de Gil de Ferran, que cruzou a linha de chegada sob bandeira amarela.</p>

<p>À sua frente, chegaram Christian Fittipaldi, que venceu uma prova onde conseguiu subir colocações de pouco a pouco, e Roberto Moreno, que mais uma vez no ano foi muito constante, garantindo o terceiro lugar no campeonato de pilotos da temporada 2000.</p>

<p>Depois da corrida, um Gil de Ferran sempre muito sério e frio mostrou um outro lado. Comemorou discretamente no interior do cockpit de seu Reynard-Honda, mas quando parou no pit lane para sair do carro, chorou em um momento particular. Com toda a equipe ao seu lado, aí sim parece ter sentido que se tornara campeão.</p>

<p>De Ferran ergueu os braços “desabafando” com um gesto que apenas ele poderia fazer naquele momento e logo recebeu os cumprimentos do chefe de equipe, Roger Penske, e de sua esposa. O brasileiro contou que até poderia disputar a vitória, mas preferiu fazer uma corrida conservadora, controlando cada momento da prova.</p>

<p>Ele, que ainda na penúltima prova havia cometido um erro, foi maduro, como devem ser os campeões, para garantir o segundo título brasileiro na Fórmula CART.</p>

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