Sérgio Jimenez entrou para a história do automobilismo como o primeiro campeão de carros elétricos de turismo do mundo! Esta semana, ele arrepiou na Jaguar I-Pace eTrophy, que aconteceu durante o concentrado da Fórmula E em Berlim. A torcida era para que Jimenez ganhasse novamente o campeonato, uma vez que foi o campeão do ano anterior. Mas ele subiu ao pódio carregando o seu troféu de vice e trazendo muito orgulho para o Brasil.
Pena que esse foi o último ano da categoria, que existiu por apenas dois anos. Com o Jaguar i-Pace, foi a primeira vez que o automobilismo utilizou um carro de produção elétrico em corridas, com motor de 325 (436 bhp). Agora, a vaga deixada pela Jaguar está aberta e parece que já há candidatos.
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Jimenez tem 36 anos e nasceu em Piedade, SP. Ele iniciou a sua carreira em 1994 no Kart e em 2002 foi campeão da Fórmula Renault. Mas já participou de inúmeros campeonatos nacionais e internacionais. Além disso, é Coach de pilotos iniciantes. Muitas facetas de um piloto que ama a sua profissão. Veja a entrevista que fizemos logo após o término do campeonato.
Como você se sente sendo o campeão do Jaguar I-Pace do ano passado, e vice, este ano?
Jimenez – Me sinto feliz. Claro que queria ter sido bicampeão, mas foram circunstâncias que fugiram do meu alcance, como a falta de performance do carro no fim do evento.
Como foi a sua entrada no e-Trophy? De cara, você já se tornou o campeão.
Jimenez – Quando a categoria foi lançada, comecei a ir atrás de empresas que tinham sinergia com o que seria a categoria dentro do evento da Fórmula E. Foi quando fechei com a ZEG, do grupo Capitale. Aí consegui acertar a minha entrada e foi fantástico. Acho que ser o primeiro campeão de carros elétricos de turismo me colocou na história do automobilismo mundial para sempre e fico feliz por isso. Todos sabem a dificuldade de ser um profissional do automobilismo. É fantástico vencer um campeonato que ficará para sempre para história.
O que te levou a procurar a Jaguar Brazil?
Jimenez – Quando foi lançada a categoria, fui atrás pra entender como funcionava. Como o Cacá Bueno também estava fazendo o mesmo, juntamos as forças de dois patrocínios, a ZEG e o iCarros, e levamos a ideia para a Jaguar Brasil. Ali nasceu o projeto!
Como você administra tantos campeonatos? Afinal, você também corre pela Stock Car.
Jimenez – Quanto mais melhor! Finalizando a Jaguar agora, volto para a Stock Car, faço Porsche Endurance e também vou correr nos USA no IMSA. Além disso, tenho parceria com o Carlos Chiarelli na equipe de Endurance Brasil e participo da Copa Truck como Consultor Técnico!
Qual a diferença de pilotar um Jaguar I-Pace elétrico e um carro da Stock Car?
Jimenez – É totalmente diferente! O Jaguar é um carro muito pesado devido as baterias. Ele pesa 2.000 kg e usa os pneus próximos aos de rua: a aderência é muito baixa! É outro estilo de pilotagem!
Como você enxerga o futuro das corridas com carros elétricos?
Jimenez – Acredito que existirão mais categorias, como as que já estão nascendo. Teremos mais possibilidades e mais corridas de carros com a entrada dos elétricos. Abre-se um novo mercado tanto para pilotos como para engenheiros e mecânicos.
Lembra quando você foi PILOTO RACING? Conte um pouco sobre essa fase.
Jimenez – Claro que sim! Era uma época muito boa, o kart estava em alta no Brasil e a RACING era a melhor publicação de automobilismo do país! Um orgulho sair na revista, ainda mais sendo PILOTO RACING.
Até hoje você disputa provas profissionais de kart e ganha muitas delas. Por que você se mantém no kart?
Jimenez – Nesses últimos anos não tem dado muito tempo, mas sempre que posso eu corro! O kart é um dos esportes mais difíceis que existem. Treinar e correr nele me faz bem para me manter ativo, já que o automobilismo como um todo não tem mais muitos treinos!
Conte sobre a sua vivência como piloto Coach de algumas categorias. Você passa a sua experiência para os novos pilotos?
Jimenez – Eu sou Coach desde os tempos de Kart, em 2004! É muito legal conseguir passar o que você sabe para um piloto novo e inexperiente e ver a evolução acontecer. Hoje estou na Porsche e na Endurance Series fazendo esse trabalho.
O que você acha da nova categoria TCR Sul-americano?
Jimenez – Acho muito interessante. Vem para somar e fazer um automobilismo mais “acessível” em custos, com carros iguais aos de rua! Acho que vai pegar. Eu mesmo entrei e estou esperando a minha aprovação como equipe para poder estar participando!
Como você vê o aumento de pilotos brasileiros se destacando em categorias de GT ou de Turismo pelo mundo afora?
Jimenez – Até pouco tempo o Brasil formava mais pilotos de Fórmula. Mas a Fórmula 1 está virando quase uma utopia, por causa dos custos. Talvez a minha geração tenha sido a última que se aventurou em tentar ir sem recursos, com a cara e a coragem. Hoje em dia é impossível. É preciso uma base financeira, com grandes patrocínios durante todo o caminho para tentar chegar lá. E mesmo assim não é certo que chegue na F1. Por isso o Turismo cresceu tanto! Ele permite você se tornar profissional e abre muito mais possibilidades.
O que mais te motiva a seguir em frente? O amor pelo automobilismo, o desafio de competir e vencer?
Jimenez – Desafio em competir e vencer. É muito difícil se tornar piloto profissional, poder ser reconhecido por isso, ser admirado por isso, representar uma marca e ter esse peso. E ainda receber para fazer isso! Não é fácil!
Este ano está sendo muito complicado? Afetou patrocínios?
Jimenez – Foi difícil sim! Estava certo a minha volta para a Stock Car em uma equipe legal, com um patrocínio que venho trabalhando desde 2018. Um trabalho de mostrar o quanto podemos ativar com clientes e colaboradores dentro da pista, para fazer a marca crescer e aparecer. Ou seja, mostrar um final de semana diferente que não se pode “comprar”, podendo estar dentro da pista acompanhado tudo de perto e mostrando como funciona a corrida! Mas a pandemia atrasou os nossos planos, que agora foram para 2021. O próprio campeonato da Jaguar, que correríamos no mundo todo, acabou tendo sete das dez etapas em Berlim. Uma pena. Correríamos em Paris, Roma, Nova York, Hong Kong, Mônaco, Londres. Enfim, faz parte, agora seguimos trabalhando para tudo se ajeitar!
Quais são as outras expectativas para 2021? Vem aí alguma outra novidade?
Jimenez – Têm várias! Muitas coisas boas acontecendo, muitas que foram plantadas lá atrás e estão começando a vingar. Estou muito animado pra 2021!
Ficha técnica
Sérgio Jimenez iniciou a sua carreira em 1994, no kart, e em 2002 foi campeão da Fórmula Renault. Mas já participou do Campeonato Espanhol de Fórmula 3, correu na GP2 Series, pilotou na A1 Grand Prix. Em 2009 entrou para a Copa Vicar e de 2013 a 2018 ele competiu na Stock Car. Além disso, é Coach de pilotos iniciantes.
Veja mais sobre o piloto pelo seu site: https://www.sjimenez.com.br/
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