O automobilismo, historicamente, é um laboratório para toda a indústria automotiva. Não é por acaso que alguns engenheiros e projetistas de equipes da Fórmula 1 – e de outras categorias – afirmam que todo carro de corrida é um protótipo. E mesmo que elaborados com as mais altas tecnologias e equipamentos de última geração, são produzidos em pequena escala, com algumas peças e cuidados quase manufaturados. E estas produções de carros “especiais” envolvem soluções que visam alcançar excelência e desafios, seja de performance ou de mobilidade.
A competição nas corridas de automóveis exige novas ideias e projetos ousados, que saem das mãos de pessoas. Os experimentos e inovações feitos nas pistas permitem que eles sejam testados, adaptados e colocados em uso no futuro no dia a dia dos consumidores.
E é isso que o evento Shell Eco-marathon, uma verdadeira competição de aprendizado envolvendo a área acadêmica universitária, busca alcançar: soluções. Neste evento promovido pela Shell – uma empresa que atua em várias áreas de energia integrada – e realizado em várias partes do mundo, a marca convoca estudantes universitários de engenharia para projetar, construir e operar protótipos de veículos, com objetivo de conseguir melhor eficiência energética. Ao longo dos últimos 35 anos, o programa tem dado vida à missão da Shell de impulsionar o progresso, fornecendo opções energéticas mais limpas. Tudo em nome da colaboração e da inovação, à medida que as ideias dos estudantes ajudam a moldar um futuro com menos emissões de carbono.
A RACING acompanhou a 7ª edição brasileira, realizada no final de agosto no Pier Mauá, no Rio de Janeiro. A competição teve 3 categorias de energia: Combustão Interna (gasolina e etanol), Bateria Elétrica e Hidrogênio. E foram duas classes de tipos de carros: protótipos (com regulamento mais livre), e Urban Concept (conceito urbano, que tem regulamento mais voltado para atender inovações para os carros de rua da indústria automotiva).
Para serem avaliados, os veículos passaram por rígida inspeção técnica e de segurança, e os classificados percorreram um circuito montado para a prova com o objetivo de conseguir a máxima eficiência energética. As equipes vencedoras nas categorias foram as que fizeram a maior distância utilizando a menor quantidade de energia (combustível, hidrogênio ou elétrica).
Da sala de aula para a vida real
O evento reuniu cerca de 500 estudantes de várias regiões do Brasil e de países como Bolívia, Colômbia, México e Peru. Um verdadeiro celeiro de novos engenheiros e técnicos voltados para o automobilismo e setor automotivo, envolvendo todas as áreas para se construir soluções, ideias e inovações trazidas das salas de aula para a vida real da concretização do produto em ação na pista de provas.
Seguindo um rígido regulamento que visa parâmetros para a competição, o Shell Eco-marathon se transforma em um verdadeiro campus de universitários e estudantes em busca de usarem seus veículos de maneira consciente e que gerem eficiência energética.
“A Shell Eco-marathon Brasil é fundamental para promover a inovação e a sustentabilidade no país. Ao investir na formação desta geração de talentos, incentiva estudantes a desenvolverem veículos eficientes em termos de energia, destacando a importância da pesquisa e do desenvolvimento de tecnologias limpas. Além disso, o evento fomenta a colaboração entre jovens talentos, preparando-os para enfrentar os desafios energéticos do futuro. É muito especial ver o brilho nos olhos e o esforço de cada equipe aqui” afirma Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell Brasil.
Para Norman Koch, Gerente Geral Global da Shell Eco-marathon, a ação vai muito além de apenas vencer a competição. Os modelos projetados pelos estudantes se transformam em laboratório de experimentos, que trazem bons resultados e podem depois serem utilizados na pela indústria automotiva.
“O que fazemos na Eco-marathon é montar um evento que reúna estudantes que queiram de alguma forma buscar inovações. É um trabalho conjunto de todas as áreas da engenharia que possam colaborar para melhorias e menos emissão de gases. De maneira igual e competitiva, cada um busca o seu melhor. Construção, design, aerodinâmica… Temos as categorias Protótipos e Urbano (este último com regulamento mais próximo do conceito de carros de rua), cada uma delas divididas em 3 tipos de produção de energia: combustível, elétrico e hidrogênio. Todos os conceitos aqui utilizados geram um movimento de colaboração de engenharia para caminhos mais sustentáveis”, cometa Koch.
Soluções de mobilidade sustentável na pista de provas
Os carros criados pelas equipes de estudantes, que foram selecionadas previamente durante as inscrições, vão literalmente para a pista, um a um, mostrar quem consegue ter a melhor eficiência energética. Na prática, funciona assim: com o mesmo regulamento, quem conseguir maior autonomia vence. Nesta edição de 2024, os vencedores foram Protótipo – Combustão Interna: IFRS Erechim Drop Team – 611 km/l; Protótipo – Bateria Elétrica: UFSC Florianópolis E3 UFSC – 381 km/kWh; e Conceito Urbano – Bateria Elétrica: Green E Car (UTFPR Medianeira) – 25 km/kWh. As demais categorias conseguiram ter carros aprovados na inspeção técnica, mas não completaram a prova.
Potencial celeiro de profissionais para o automobilismo
Uma das coisas mais interessantes que a Shell Eco-marathon proporciona é a transferência de experiências do meio acadêmico com o mundo real. E muitos dos estudantes que participam da Eco-marathon um dia sonham em chegar, além da indústria automotiva, também no automobilismo.
“A Shell tem vocação clara para atuar em esportes automotivos, e a Eco-Marathon pode servir como potencial celeiro para revolucionar tanto o automobilismo profissional quanto a indústria automotiva para carros comerciais. Os alunos que participam desse evento adquirem habilidades práticas e teóricas que são diretamente aplicáveis às demandas dos esportes de elite. Portanto, a Shell Eco-marathon não só educa e inspira a próxima geração de engenheiros, mas também é uma amostra de que a empresa está sempre buscando inovação e alto desempenho tanto nas pistas quanto fora delas”, Glauco Paiva, Gerente executivo de comunicação corporativa e responsabilidade social da Shell.
Gianluca Petecof, piloto da Stock Car, visitou o paddock da Eco-marathon
Quem visitou o paddock da Echo-marathon foi o piloto da Stock Car, Gianluca Petecof. Ele comentou que a estrutura vista nos boxes das equipes da Shell Eco-Marathon tem muitas coisas em comum com automobilismo e o ambiente do kart, categoria na qual ele foi um dos grandes nomes no Brasil com várias conquistas.
“Por mais que seja um mundo diferente do qual estou acostumado, em termos de competição, eu acho que muitas coisas são muito parecidas. A atenção aos detalhes, o esforço, sacrifício, dedicação que as equipes têm que ter, especialmente quando se fala de margens tão pequenas. Aqui, ao invés da velocidade, o foco é o consumo. É muita coisa que tem de prestar atenção e fazer bem feito. Legal ver as equipes comemorando as passagens na inspeção, que é o primeiro passo. Pode parecer algo simples, mas nesses últimos dois anos pude ter a dimensão do quanto é difícil. Pude ver todo mundo começando nessa carreira da engenharia. Ouvi eles dizendo que o sonho de alguns deles é trabalhar com automobilismo um dia. Assim com eu comecei no kart, comecei de baixo, aprendi muito, fui evoluindo e cheguei na Stock Car hoje. Eu tenho certeza que, se for o sonho desse pessoal, eles tem toda condição de chegar à Stock Car um dia e sempre com esta mentalidade de dar o melhor, prestar atenção aos detalhes e valorizar cada passo e aproveitar essa jornada”, comentou Gianluca Petecof, que é piloto Shell.
Mulheres são maioria entre os pilotos dos carros sustentáveis
Se no automobilismo sempre vemos a predominância dos homens, principalmente pilotos, na Shell Eco-marathon isso é um pouco diferente. A presença feminina é grande na condução dos carros protótipos e urban concept e também na área de engenharia e técnica nos boxes.
Nesta edição, foram 127 mulheres, sendo 42 pilotas e nove chefes de equipe. Isso significa que 60% das equipes têm pilotas no volante. E como capitães de equipe, elas já são quase 25%.
Com muita maestria e habilidade, as pilotos mulheres conduzem os carros com várias técnicas de aceleração e formas de tangência na busca da melhor eficiência e menor desgaste energético.
Várias delas pensam em um dia ter a oportunidade de conhecer e até pilotar carros de automobilismo, como curiosidade, principalmente para estarem próximas da vanguarda de engenharia que é aplicada nestas competições.
No caso da Eco-marathon, os pilotos são verdadeiros estrategistas, aplicando e tirando dos carros o máximo de eficiência que eles permitem.
Outras mulheres que trabalham nos projetos dos protótipos pensam em seguir carreira na engenharia de ponta, um caminho que o automobilismo fornece como uma opção. Outra parte também tem em mente seguir carreira na indústria da área automotiva, em um caminho que pode colaborar com o desenvolvimento do futuro dos carros e componentes das marcas fabricantes de automóveis.
“A Shell Eco-marathon não é apenas uma competição de eficiência energética, mas também um palco para mostrar o poder das mulheres na ciência e tecnologia. Com mais da metade das equipes contando com mulheres ao volante, o evento quebra barreiras e prova que a inovação e a liderança não têm gênero. A competição que desafia os limites da criatividade e da inovação para desenvolver novas tecnologias em prol do futuro da mobilidade e da energia, e acima de tudo estimula a diversidade e a igualdade de oportunidades”, disse Alexandra Siqueira, Gerente de Comunicação e Marca da Shell Brasil.
A profissionalização da indústria automotiva brasileira e da parte técnica do automobilismo nacional depende de ações e incentivos acadêmicos nas universidades, faculdades e escolas técnicas de engenharia e que tenham envolvimento com temas do setor. A Shell Eco-marathon é um bom exemplo de como uma competição de aprendizado como esta pode contribuir para novas soluções que podem ser aplicadas na mobilidade de rua e de competição no futuro.
Confira a lista das equipes vencedoras da edição Shell Eco-marathon Brasil 2024:
PROTÓTIPO
-Bateria elétrica
1º UFSC Florianópolis E3 UFSC – 381 km/kWh
2º IFSul Charqueadas – Eifchar – 341 km/kWh
3º ITESM Aguascalientes – Borregos Racing (MEX) – 316km/kWh
– Combustão interna
1º IFRS Erechim Drop Team – 611 km/l
2º UTFPR Pato Branco Pato a Jato – 509 km/l
3º UTFPR Medianeira Pé Vermelho Efficiency Team – 194 km/l
CONCEITO URBANO
-Bateria
1º Green E Car (UTFPR Medianeira) – 25km/kWh
Fórmula 1 x Shell Eco-marathon x Fórmula E
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