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Dakar não é o "Rali da Morte"

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  • Publicado: 29/01/2017
  • Atualizado: 27/03/2019 às 9:38
  • Por: Racing

<p><img alt="Dakar: certeza de competição em belos cenários. (Foto: José Mário Dias)" src="/wp-content/uploads/uploads/dakar11_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>

<p>Rali da morte. É comum ver colegas de imprensa, sobretudo fora do segmento do esporte a motor, definir o Rali Dakar deste modo. Uns, talvez, por comodismo. Afinal, é sempre mais fácil se debruçar sobre conceitos preestabelecidos a tirar conclusões após pesquisar bastante sobre um assunto. Já outros, creio, o façam por sensacionalismo. Não é necessário ser doutor em Comunicação, tampouco psicólogo ou especialista em linguística, para reconhecer o impacto emocional que o vocábulo morte pode causar ao receptor.</p>

<p>Claro que já adianto aqui que o meu objetivo não é minimizar qualquer perda humana. Longe, muito longe disso! Além de jornalista, sou fã de esporte a motor. Desde a minha infância. A cada corrida que começa, alheio à categoria, torço para que para que nada de mau aconteça a pilotos e demais envolvidos. Um desejo que, reconheço, beira a ingenuidade, o utópico. Afinal, o automobilismo é uma atividade que envolve seus riscos.  </p>

<p>Contudo, será mesmo que o Dakar merece a alcunha de "Rali da Morte"?</p>

<p>À primeira vista, o número de fatalidades no Rali Dakar parece altíssimo: 73 pessoas faleceram em 38 edições do Rali. Média de quase dois óbitos por evento. Dezoito dessas, entre organizadores, jornalistas e espectadores, perderam a vida por conta de acidentes que não envolveram veículos de competição. Como o próprio idealizador do Dakar, Thierry Sabine. Em 1986, ele e outras quatro pessoas morreram após o helicóptero em que estavam, um AS350 Ecureuil, colidir em uma duna durante uma tempestade de areia, no Mali.</p>

<p>Contudo, antes de qualquer conclusão, é preciso ressaltar dois pontos sobre o Rali Dakar. O primeiro, claro, é mais que sabido: esta não é uma competição realizada em circuito fechado de quatro ou cinco quilômetros, com asfalto impecável, fiscais de pista para tudo que é lado, área de escape, proteção de pneus, soft wall, alambrado… Não! O Dakar conta com milhares de quilômetros de terreno irregular, entre outros desafios. Segundo ponto: a prova envolve números altos, impressionantes. Desde o total de competidores até a distância percorrida por edição.</p>

<p>Em 2017, o Dakar atravessou, entre trechos de ligação e cronometrados, mais de 8.800 quilômetros por Peru, Argentina e Chile. Tal distância é equivalente a 29 Grandes Prêmios de Fórmula-1. Aliás, as 38 edições do Rali somam mais de 372 mil quilômetros percorridos – algo suficiente para dar nove voltas ao redor da Terra. Desde 1950, a F-1 acumula cerca de 320 mil quilômetros em 956 corridas. E, conforme dados do site GP Guide, do jornalista suíço Jacques Deschenaux, foram registradas 51 mortes por conta de acidentes nas provas oficiais do certame de esporte a motor mais popular do mundo. Nessa lista constam 16 pilotos e outras 35 pessoas, entre as quais espectadores e fiscais de pista.</p>

<p>Quando o assunto é número de participantes, assim como na distância percorrida por edição, o Dakar impressiona. São centenas a cada prova. Ainda em 1979, ano de estreia da competição, foram inscritos 182 veículos. Já o evento deste ano, segundo o site do próprio Rali, contou com 317: 79 carros, 143 motos, 50 caminhões, 37 quadriciclos e oito UTVs. Entre pilotos, navegadores e mecânicos (no caso dos caminhões), foram nada menos que 504 competidores! Isso é 25 vezes mais participantes que o grid da Fórmula 1 em 2017. </p>

<p>Os números deixam claro que o Rali Dakar está distante, bem distante, de ser o “Rali da Morte”. Isto, claro, não significa que evoluções nos conceitos de segurança do evento sejam desnecessárias. Mas mortal mesmo era a Fórmula-1 entre os anos 50 a 70. Entre 1970 e 1979, um em cada 22 pilotos perdia a vida por conta de acidentes.<br />
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