<p>Em 1956, começa no Brasil a fabricação de automóveis, com a Indústrias Romi, de Santa Bárbara d’Oeste (SP), fabricando o minicarro Isetta, e a Vemag S.A, da capital paulista, produzindo a perua DKW: era o início de uma nova era na história do automóvel no Brasil. Havia outras fábricas instaladas no país, mas elas só começariam a produzir carros em 1957 (Willys-Overland, Jeep), 1959 (Willys-Overland, Renault Dauphine), 1960 (Fábrica Nacional de Motores, FNM 2000 JK), 1967 (Ford, Galaxie) e 1968 (General Motors, Opala). Em 1959 chegou a francesa Simca para produzir o Chambord e em 1962 a Willys começou a produzir o Interlagos, versão nacional do francês Alpine A108, nos modelos cupê, conversível e berlineta. A Vemag, a Willys, a Simca e a FNM não demoraram a se aproveitar do amor dos brasileiros por automóvel e automobilismo utilizando as pistas como o principal meio para promover vendas e aprimorar a qualidade do produto. As quatro fabricantes montaram seus departamentos de competição e, com a dificuldade de se importar os carrões de corrida europeus, os pilotos brasileiros se consagraram mundialmente protagonizando suas carreiras através do pitoresco automobilismo tupiniquim.</p>
<p>Nossa história se desdobra com as românticas carreteras — Ford e Chevrolet das décadas de 30/40 bastante modificados e repotenciados com motores atuais —, DKW-Vemag, FNM 2000 JK, Simcas, e Willys Interlagos berlineta, chegando aos atuais cavalos-mecânicos da Fórmula Truck. E dentro desta peculiar limitação conquistamos oito títulos e oito vices no campeonato mundial de Fórmula 1, e tantos mais nas principais categorias ao redor do mundo, além de sete vitórias na 500 Milhas de Indianápolis diante do enorme público de 500 mil espectadores, o maior do mundo entre todos os esportes.</p>
<p>Reflexo de paixão dos brasileiros pelo automóvel, realizam-se pelo país inteiro diversos encontros de carros antigos, o mais famoso deles sendo o Encontro Brasileiro de Carros Antigos, em Águas de Lindóia, no estado de São Paulo. O mais recente ocorreu de 4 a 7 de junho passado e eu e o Wilson Fittiapaldi Júnior fomos convidados pelos organizadores, Humberto Domingos Abonante, o “Mingo”, e seu filho Júnior, a participar do evento, oferecendo nossa modesta presença e colaboração simbolizando nossos companheiros que protagonizaram a história do carro nacional nas pistas brasileiras.</p>
<p>Na entrada da cidade fiquei surpreso com a dificuldade de trânsito e o número de pessoas circulando, difícil até para conseguir chegar ao hotel. Centenas de tendas comercializando interessantes peças e antiguidades. Contemplando todo aquele espetáculo, fiquei emocionado. Neste momento lembrei-me do Concurso de Elegância realizado em 1980 no campo de polo do Clube Hípico de Santo Amaro, quando eu era presidente do Veteran Car Clube de São Paulo, no segundo mandato depois da morte de Roberto Lee. Rodeados de competentes companheiros de diretoria, conseguimos expor 350 carros antigos magníficos, montamos um palco onde se alternaram ao longo do dia mais de 300 músicos. No centro do gramado estavam o McLaren M23 com que Emerson Fittipaldi foi campeão mundial em 1974 e o Porsche 917 que venceu uma das 24 Horas de Le Mans. O vencedor do concurso foi um fantástico Benz 1911, do restaurador e proprietário Afonso Cascone, o popular “Pardal”, premiado com um lingote de ouro.</p>
<p>É muito reconfortante perceber o quanto as coisas evoluíram diante da grandeza de um evento como este de Águas de Lindóia, visitado por 600.000 pessoas, que se tornou o maior encontro de carros antigos da América Latina. O ponto alto da festa foi a premiação.</p>
<p>Eu e Wilsinho compartilhamos com os organizadores o prazer de premiar os vencedores. Estivemos com muitos amigos e pessoas interessantes, e nos sentimos orgulhosos e homenageados pela romântica Berlineta 22 exposta, símbolo da nossa carreira, era admirada por todos com muito interesse.</p>
<p>Que bom que a história esteja viva e muito bem cuidada. No ano que vem tem mais.</p>
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