Você é capaz de imaginar que pessoas foram assaltadas no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, durante o GP da Fórmula Indy, em 1996? Pois pessoas existiram. As vítimas eram os garçons que atendiam ao camarote VIP da General Motors que, na ocasião, tinha o Vectra V6, (que nunca foi lançado no Brasil), como carro madrinha da prova. Agora imaginem aquele monte de gente, sem ter o que comer o com o que matar a sede daquele encalorado março carioca.
A história começa quando André Beer, (um dos principais executivos, não somente na GM, mas de toda a história da indústria automobilística nacional) chamou-me pelo rádio e pergunta: Lelis (ele me chamava assim) o que está acontecendo? Os garçons desapareceram, não servem mais nada. O que houve?
Eu, que estava foram do camarote, não havia percebido nada e corri para o local onde estava montado o nosso “catering”. Chegando lá, ouvi do responsável o seguinte relato: “nossos garçons estão sendo assaltados quando saem daqui e não temos como servir nada lá no camarote. Não sei o que está acontecendo”.
A única solução que me veio à cabeça, para resolver o problema de imediato, foi procurar pelos “caterings” vizinhos e pedir ajuda. Claro que seria outro tipo de alimentação e de bebidas, mas como diz o dito popular, era o que tínhamos para aquele momento. Todos foram atenciosos e pediram apenas que os nossos garçons fizessem o trabalho de levar as coisas para o nosso camarote. E aceitaram como garantia do pagamento, apenas minha palavra e meu cartão de visita da GM (alguém ainda usa esse “documento”?).
Feito isso, e apesar da diferença do cardápio, a partir daquele momento, tudo transcorreu tranquilamente no camarote da GM no GP da F Indy no Rio de Janeiro.
André Beer chamou-me, novamente, para perguntar o que tinha acontecido.
– Depois explico, é muito complicado! Foi a minha resposta
Ele respondeu que tudo bem, que depois então falaríamos.
A explicação: um bufê de fora do Rio
Acontece que, por causa de uma insistência do pessoal de Compras da GM, não contratamos o bufê do Rio de Janeiro, que nos apresentou, na viagem de inspeção, um serviço perfeito, com boas bebidas e boa comida. Compras impôs um bufê de São Paulo, que eles conheciam e que servia a GM há muitos anos. Foram irredutíveis!
De nada valeram nossos argumentos em favor da empresa carioca. E lá se foram os garçons paulistas serem assaltados no Autódromo Nelson Piquet que, lamentavelmente, foi destruído, pela incompetência das autoridades carioca da época, em favor das Olimpíadas de 2016.
Segurança? Perfeita!!!
Enquanto isso, os concessionários (centenas deles, com acompanhantes) ficaram hospedados em vários hotéis na avenida Nossa Senhoras de Copacabana, sob a proteção de uma empresa de segurança privada, do Rio de Janeiro. Nem um único centavo lhes foi furtado ou roubado.
A mesma tranquilidade viveram os jornalistas (dezenas deles), que ficaram hospedados no Hotel Glória.
Na semana seguinte, já com as contas apresentadas pelos bufês cariocas, com, preços “salgados” demais, André Beer chamou-me à sala dele para explicar o acontecido em Jacarepaguá.
Com muita tranquilidade, pedi a ele que chamasse alguém de Compras para explicar.
Eu não tinha explicação para o acontecido.
Alguém tem?
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