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Coluna Chico Lelis: acredite se quiser!

2 Minutos de leitura

  • Publicado: 30/12/2024
  • Atualizado: 30/12/2024 às 9:50
  • Por: Chico Lelis

Pai de dois filhos, casado com uma professora da rede estadual; um cachorro, um gato, um aquário com alguns peixes, todos  em um delicioso sobrado, vizinho a um parque municipal onde todos se divertiam nos domingos de sol. Esse era Jorge, técnico em computação, gerente de uma empresa da área, distante 18 quilômetros da sua casa.

Saia de casa, religiosamente, às 7 horas para conseguir chegar no trabalho às 8h30, porque o trânsito na cidade grande era terrível, como em  todas as grandes cidades como São Paulo.

Trânsito na cidade de São Paulo – Foto Marcos Santos – USP Imagens

Tinha que contornar o parque, que consumia pelo menos a metade do tempo a bordo do seu Palio, que havia comprado “O KM”, alguns meses antes. Demorava, porque haviam muitos semáforos e o trânsito ficava muito tempo parado, mas ele adorava olhar para as árvores e pássaros que ficavam lá no parque, esperando a sua volta, lá pelas 19 horas.

Mas, um dia, uma surpresa desagradável: um assalto!

Baixou o vidro e o bandido pedia seu cartão celular e a mochila (onde ele tinha toda a sua vida no computador).

Calmo como sempre, ele falou ao assaltante, que tinha um parceiro na outra porta: olha o meu carro, vê se eu lá tenho dinheiro. Olha ali atrás, aquele BMW e o relógio do motorista. Ele é rico, por que vocês não assaltam aquele lá e não eu?

-Vamu lá – disse o assaltante – o relógio daquele cara vale mais que esse carro aqui.

Novo assalto

Tempos depois, quando ele nem lembrava mais do acontecido, que jamais contara para a esposa, muito menos para os filhos, quase no mesmo lugar, outra dupla de assaltantes o abordaram pedindo seus pertences. Ele já havia até providenciado uma mochila “fake”, enquanto a verdadeira estava no porta-malas.

Como dera certo da primeira vez, ele olhou ao redor e viu uma linda SW Audi, preta com rodas esportivas, teto solar… uma  jóia. E indicou o alvo para o assalto.

Os bandidos quase agradeceram ao Jorge e correram em direção ao novo assaltado.

E mais um, mais dois…..

No terceiro assalto, na mesma região, ele achou que deveria ir de ônibus trabalhar, porque um dia, os bandidos poderiam resolver assalta-lo primeiro e depois os modelos de luxo que ele indicava.

Mas era tarde, quem bateu no vidro do seu carro naquela vez foi um policial que o obrigou a sair do carro, por as mãos para trás, que foram unidas por uma algema. Na delegacia, a acusação: chefe de quadrilha. Todas as vítimas indicavam o motorista daquela Palio cinza, que os assaltantes abordavam antes de os assaltarem.

Foi difícil para Jorge convencer o delegado. E só saiu-se bem dessa, no dia em que dois integrantes da quadrilha foram presos e comentaram sobre o “sujeito” que, para escapar do assalto, sempre apontava um carro de luxo perto dele.

Jorge foi solto e agora vai para o trabalho de transporte coletivo, perdendo menos tempo do que quando ia de carro. É que  ônibus vai pelo “corredor”.

 

 

 

 

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