Card image
Super carros
Entrevista com Marcello Schneider, diretor institucional da BYD

5 Minutos de leitura

  • Publicado: 22/11/2023
  • Atualizado: 22/11/2023 às 11:13
  • Por: Isabel Reis

Esta entrevista foi feita antes das mudanças surpreendentes sobre impostos de importação e outras medidas que vão contra a eletrificação no nosso país. Mesmo assim, após nova consulta à chinesa BYD, ela afirmou que vai manter as suas metas e compromissos. Veja a resposta da BYD: “Independentemente do resultado da reforma tributária, a BYD reafirma seu compromisso com o Brasil e com a Bahia de investir R$ 3 bilhões no complexo onde serão instaladas três novas fábricas, sendo uma unidade dedicada à produção de automóveis híbridos e elétricos, com capacidade estimada em 150.000 veículos ao ano, outra para a produção de caminhões elétricos e chassis para ônibus, com possibilidade de abastecer o mercado das regiões Norte e Nordeste do Brasil e a terceira, ao processamento de células de lítio e ferro fosfato, com a expectativa de geração de 5 mil empregos. Sobre o novo imposto de importação, a empresa não comenta o assunto”.

Você conhece o canal da RACING no YouTube? Clique e se inscreva!
Siga a RACING também no Instagram! e no Twitter
Entre no canal de RACING no Whatsapp

Assim, segue abaixo a entrevista com Marcello Schneider, diretor institucional da BYD.

É uma estratégia essa de chegar surpreendendo os concorrentes, mostrando números de venda tão expressivos? Ainda mais, tratando-se de uma indústria automotiva tão tradicional como a implantada no Brasil?

Marcello Schneider – Não é uma estratégia. O que acontece com a BYD é que ela trouxe para o Brasil alguns modelos de veículos que não existiam aqui, tanto de elétricos como de híbridos. O que houve foi a curiosidade ou, em outros casos, o anseio por bons produtos, com bons preços. Isso reflete um pouco nessas vendas que estamos tendo nos últimos meses. Em um único sábado, tivemos um recorde de vendas de 620 unidades . Acredito nessa junção de trazer um produto com muita tecnologia e inovação, com preço acessível, é o que tem causado esse volume de vendas. Aliado a isso tem a questão da sustentabilidade, de pessoas procurando por esse tipo de veículo.

BYD Han, um sedã de luxo 100% elétrico – Foto divulgação

A BYD tem quantos modelos à venda aqui?

Marcello Schneider – Hoje são sete modelos. Temos o Han, um sedã de luxo 100% elétrico. Outro é o Tan, um SUV com sete lugares 100% elétrico. Depois há o Seal, sedã esportivo elétrico mais compacto, mas com grande aceleração, com mais de 530 cv, 3s8 de 0 a 100 km/h. Depois temos dois carros com a mesma faixa de preço: o Song, nosso SUV híbrido plug in, e também o Youan, um SUV elétrico na mesma faixa de preço. Um pouco abaixo temos o Dolphin, também em duas categorias: a versão de entrada por R$ 149.000, 100% elétrico. E tem a versão Dolphin Plus, um carro de R$ 179.000, mas com o dobro da potência, indo para mais de 200 cv. Mas ainda teremos muitas novidades para 2024 em relação a lançamentos.

O BYD Tan é um SUV sete lugares 100% elétrico – Foto divulgação

Em 2024 já vai ter carro BYD nacional?

Marcello Schneider – Sim, a ideia é a partir do final de 2024 iniciar a montagem nacional na fábrica de Camaçari, BA. Inicialmente serão três modelos fabricados no Brasil. O Dolphin, o Yuan e o Song, que virá híbrido na versão com motor flex. Vamos trabalhar sempre com os carros de menor valor para abocanhar um share maior. Por isso mesmo que escolhemos esses modelos para fazer a fabricação no Brasil. Esses três representam mais de 50% das vendas.

BYD Seal, sedã esportivo elétrico mais compacto, mas com grande aceleração, com mais de 530 cv, 3s8 de 0 a 100 km/h – Foto divulgação

A ideia é trabalhar com uma rede ampla de concessionárias? Ou a venda será digital?

Marcello Schneider – Nosso sistema de vendas é feito com o modelo normal, com concessionárias. Nomeamos diversos grupos do mercado, no Brasil todo, respeitando a sua região. Temos cerca de 40 unidades já abertas e fecharemos com 100 unidades até o final do ano. A ideia é que ao menos cada capital tenha uma concessionária. E até o final de 2024 teremos 200 concessionárias abertas. Essa é a nossa meta e vamos trabalhar para que isso aconteça, e vai acontecer.

E sobre os ônibus elétricos. Vocês importam para o Brasil?

Marcello Schneider – Não, os ônibus elétricos são fabricados aqui desde 2015, em Campinas, SP. Por sinal, essa fábrica acabou de receber um aporte de investimentos para aumentar a capacidade produtiva. Hoje ela tem capacidade de produção de 2000 ônibus por ano. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem uma meta de trocar 2600 ônibus para elétricos até o final do ano que vem. Já estamos iniciando a produção para atender a essa demanda!

BYD Song é um SUV híbrido plug in – Foto divulgação

Com o Brasil vendendo tão poucos carros, comparado com épocas anteriores, como é que ainda assim o país atraiu a BYD ?

Marcello Schneider – O Brasil e a América Latina sempre foram um mercado importante no setor automotivo. Estamos trabalhando em duas etapas, a primeira visando esse consumidor que já tem carro, mas que está buscando uma nova tecnologia. Esse tipo de consumidor está migrando inicialmente para um veículo híbrido, como uma transição para o elétrico. Mas com os mais jovens está acontecendo um movimento muito interessante. Alguns nem queriam mais tirar carteira de habilitação, mas agora começaram a se interessar por carros elétricos.

BYD Youan, um SUV elétrico na mesma faixa de preço do Song – Foto divulgação

Como é a importância da BYD no mundo?

Marcello Schneider – A BYD é um grupo privado, fundado em 1995, e o seu fundador esteve no Brasil recentemente. O grupo teve um crescimento exponencial, com mais de 130.000 funcionários no mundo, estamos atuando em mais de 400 cidades, 70 países e seis continentes. Temos basicamente quatro indústrias: a automotiva, a férrea, a energia renovável e a parte de baterias. E poucos conhecem que a BYD é líder mundial no setor de eletrônica, na produção de chips e semicondutores. Cerca de 20% dos celulares do mundo tem algum componente da BYD. E atingimos mais de 5 milhões de veículos eletrificados vendidos no mundo.

O BYD Dolphin tem duas versões e a de entrada custa R$ 149.000, 100% elétrico – Foto Divulgação

O leitor da Racing é voltado para velocidade e tecnologia. Qual modelo BYD você venderia para ele?

Marcello Schneider – Aqui no Brasil todos os modelos disponíveis podem se encaixar perfeitamente nesse perfil. O nosso SUV elétrico, de sete lugares, feito para a família, tem quase duas toneladas e vai de 0 a 100 km/h em 4s2. O Seal é um veículo espetacular para quem curte velocidade, bem rebaixado e próximo ao chão, enfim, temos uma gama completa. Eu convido todos os leitores da Racing a procurar uma concessionária mais perto da sua casa. Faça um test drive porque você vai se surpreender. Estamos falando de carros com altíssima tecnologia!

 

 

 

Deixe seu Comentário

Comentários