Empresário de sucesso, político do Paraná, e o mais experiente piloto em atividade. Esse é Pedro Muffato, que atualmente disputa o Campeonato de Fórmula Truck. Entre outras atividades atuais, Pedro também resgata a sua história e parte da história do automobilismo brasileiro, com a criação do Museu Pedro Muffato, inaugurado recentemente.
São décadas de corridas, desde de os anos 1960, tornando-se campeão brasileiro da Divisão 4, correndo por toda América do Sul com o campeonato de Fórmula 3.
O segredo, segundo ele, para tanta energia é guardar saúde, criando uma reserva para quando for precisar dela. Assista o vídeo com esta entrevista, com histórias muito interessantes sobre a vida deste grande piloto.
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Acabou de ser inaugurado o Museu Pedro Muffato, em Cascavel, PR. Pode falar sobre ele?
Pedro Muffato – O projeto foi acontecendo, assim como é a minha vida, onde as coisas vão se encaixando. Posso falar ainda como empresário e político, onde as coisas também foram ocorrendo. Eu tinha uma sala cheia de troféus, então, surgiu a ideia de colocar tudo em um museu. Consegui até o carro com o qual eu fui campeão brasileiro da Divisão 4. Também consegui uma réplica do Muffatão, carro que eu construí tempos atrás: fabriquei cerca de 20 carros. O intuito do Museu é contar um pouco da minha história e de outras. Como fala a minha mulher, sou muito teimoso. Acabei levando também esse projeto a sério e o Museu foi inaugurado no dia 20 de outubro. Vou fazendo sempre tudo o que eu gosto e o que me faz bem.
Quando foi que você iniciou no automobilismo, Pedro?
Pedro Muffato – Foi na década de 60. Naquela época as corridas eram de rua e os carros que mais disputavam eram Simca e alguns protótipos. O Simca M Sul era o carro top. Fui convidado por um amigo para ser co-piloto. Eu guiei bem, naquela época era apenas uma corrida por ano. No ano seguinte, arrumamos outro carro e as coisas foram acontecendo. Adquiri um Fusca, que era um modelo da moda, que andava bem. Depois vieram o Puma e os carros de Super V. Aí teve a Divisão 4, com o Avallone. Nós tínhamos a Fórmula Super V e a Volkswagen repentinamente saiu fora do automobilismo. Por isso, começamos com o Campeonato Brasileiro de Fórmula 2, com carros que construímos aqui em Cascavel. Era proibido importar veículos de qualquer natureza. Até que na década de 1980 foi liberado para importar os modelos de competição.
Como foi a fase de correr na Fórmula 3?
Pedro Muffato – Fiquei muito tempo no Campeonato Sul-americano de Fórmula 3, correndo por toda a América do Sul. Depois, tive um acidente grave em 1996 e cheguei a abandonar as pistas. Aí me tornei comentarista da ESPN. Como a Fórmula Truck corria junto com a F3, o Aurélio Batista me convidou para competir com caminhões. Eu disse não, a princípio. Mas durante uma etapa em Londrina, PR, que eu iria comentar a F3, por via das dúvidas levei meu capacete, macacão etc. Cheguei lá e já estava o caminhão com o meu nome escrito. O Aurélio perguntou: “Você vai correr ou vai pipocar? Ai eu corri! Acabei tendo uma equipe e passei a produzir caminhões de corrida. Hoje temos aqui em Cascavel a maior construtora de caminhões de competição. E estou liderando o campeonato!
Você fica no comando do caminhão e se sente em casa, é isso?
Pedro Muffato – Eu me sinto bem. Quando voltei para a categoria eu fazia uns tempos bons, mas aí vieram os comentários: “O velho não vai aguentar”. Aí eu estava nas últimas voltas e já tinha feito os melhores tempos da prova, não me sentia cansado. O dia que eu estiver dando vexame, atrapalhando, não vou mais competir. Por exemplo, na última etapa da Fórmula Truck, em Guaporé, terminei em segundo porque queimei o radar da volta rápida, que era para classificação. Tive que largar em décimo. Falei: “Na próxima vou vir de óculos porque não vi os cones e passei um pouquinho”. Era para passar a 160 km/k e eu passei a 163 km/h. Foi uma corrida bem disputada. Não adianta você ganhar uma corrida sem ter uma boa disputa. Eu estou na frente do campeonato e procurando manter a liderança porque também tem outros pilotos com chance. A minha intenção é chegar como campeão.
Quem sabe aí você pode levar mais um Capacete de Ouro? Afinal, você já ganhou um.
Pedro Muffato – Me deixa muito orgulhoso ter ganhado esse troféu, que está exposto no Museu. Esse reconhecimento do Capacete de Ouro é um incentivo para todos do automobilismo. São poucos os que têm o privilégio de receber esse prêmio.
Qual foi o momento mais importante da sua carreira?
Foram vários momentos. Por exemplo, quando eu dirigi pela primeira vez o carro de competição aqui em Cascavel, foi uma emoção. Quando eu ganhei o Campeonato Brasileiro de Divisão 4, em Interlagos, também foi incrível, pois chovia muito e o carro tinha aquele tamanho todo e quase 400 “cavalos”. Mas acho que o mais emocionante foi quando eu sobrevivi ao acidente da Fórmula 3, em 1996. Envolveu toda a família e fiquei em coma durante 15 dias, me levaram para São Paulo. Foi feito tudo certo para que eu não morresse. Houve envolvimento até do povo de Cascavel, o pessoal rezando. Até na mesquita de Foz do Iguaçu, PR, fizeram reza para mim. E todo esse carinho me emocionou muito. Eu pensei: “Preciso dar um jeito de não morrer, senão esse pessoal vai perder a fé”. Desde a hora da batida até eu chegar em São Paulo, foram vários momentos arriscados. Se algo tivesse falhado eu teria morrido. Muita gente me pergunta qual é o segredo para ter 83 anos e ainda estar competindo. Eu sempre falo que o segredo é guardar saúde enquanto você tem. Evitar cigarro, drogas, bebida exagerada, noites mal dormidas. Tudo bem que de vez em quando eu exagero um pouquinho no vinho, mas nada de ser uma rotina. O principal é isso: guardar saúde, ter uma reserva para o futuro.
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