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O empresário Maurício Slaviero conta as novidades sobre 2023

6 Minutos de leitura

  • Publicado: 07/12/2022
  • Atualizado: 07/12/2022 às 14:40
  • Por: Isabel Reis

Maurício Slaviero é um dos grandes empresários do automobilismo brasileiro e mundial. Esteve por muitos anos à frente da Vicar, que organiza a Stock Car. Depois desenvolveu o projeto do ETCR, campeonato mundial de turismo de carros elétricos. Este ano se envolveu diretamente com o FIA Motorsport Games, uma olimpíada com mais de 500 pilotos participantes. Além de ser um dos sócios da TCR South America, campeonato que reúne carros de endurance e também de sprint.

Para 2023, a maior novidade é a TCR Brasil, que terá várias etapas nacionais, pontuando em separado do TCR sul-americano. Para isso acontecer, Slaviero arrumou um sócio poderoso, a Vicar, que já organiza a categoria Turismo Nacional. Portanto, para o próximo ano, Turismo Nacional irá correr juntamente com TCR Brasil.

Para saber mais detalhes, veja a entrevista abaixo e assista também o vídeo acima.

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Conta um pouco como você iniciou as suas atividades no automobilismo?

Maurício Slaviero – Eu comecei como piloto de kart e depois de carro. São 40 anos envolvido com o automobilismo. Hoje tenho 53 anos e comecei a correr de kart com 13 anos. Depois eu fui empresário de alguns pilotos, ajudando por exemplo o Maurício Gugelmin, o Nonô Figueiredo, depois o Alain Khodair e trabalhando com muitos eventos ligados ao automobilismo. Acabou surgindo a proposta da Vicar para trabalhar lá, em 2016, vinda do Carlos Col. E acabei ficando durante oito anos como o principal executivo da empresa.

A Stock Car na época já era um grande campeonato?

Maurício Slaviero – A Stock Car já era uma categoria grande e continuamos trabalhando para que ela crescesse mais. Na época em que eu estava lá criei esse formato de duas corridas, que ainda tem hoje. Intensifiquei as atividades com as corridas do “Milhão”. Também criei a corrida de duplas, que foi um sucesso. Implementei 11 corridas de rua, de Ribeirão Preto à Salvador, uma ideia do Carlos Col. E fiquei na Vicar até 2016. Aí eu vim para a Europa desenvolver um projeto totalmente diferente, que é a versão elétrica da TCR: o ETCR.

Poderia explicar como foi esse projeto?

Maurício Slaviero – Quando eu iniciei o projeto ainda era um “papel em branco”, nem nome tinha. Havia apenas o conceito de criar uma categoria de turismo com carros elétricos. Começamos utilizando toda a base da TCR: toda a parte de chassi, suspensão, etc, é praticamente igual. E a gente desenvolveu um kit elétrico que envolve a bateria, os motores, os inversores, ou seja, todo o sistema elétrico para formar o carro. Então a gente vende ou aluga esses kits para as montadoras e elas constroem os carros baseados nos carros de rua. Hoje, por exemplo, tem a Hyundai correndo com o Veloster, tem a Cupra correndo com o Leon e outras. Elas adaptaram esses carros com o kit elétrico que desenvolvemos e ficam com os veículos prontos para competição. O campeonato começou no ano passado, com um ano de atraso em função da pandemia, e este ano (2022) já se tornou um campeonato da FIA. Então é o FIA eTouring Car World Cup. O campeão este ano foi o Adrien Tambay, filho do Patrick Tambay, que correu de F1. O campeonato está em franco crescimento: no ano que vem entra uma nova montadora, que logo será anunciada. Já é um campeonato mundial, mas ainda não tivemos provas fora da Europa em função da pandemia. Para o Brasil ainda não temos planos de ir, porque a área de carros elétricos ainda é muito pequena e as montadoras não se interessam.

O TCR conquistou espaço na América do Sul nestes últimos anos e agora em 2023 haverá também o TCR Brasil, um campeonato exclusivo. Pode falar sobre essas duas competições?

 

Maurício Slaviero – O TCR sul-americano começou no ano passado. Este ano o campeonato já cresceu muito, com 18 / 20 carros no grid. No próximo ano continuaremos com o TCR South America e começaremos com a TCR Brasil também. Serão 10 etapas da TCR South America e o TCR Brasil vai estar dentro de cinco, desses 10 finais de semana. Como já devem saber, fizemos uma sociedade com a Vicar, que agora está envolvida com ambos campeonatos. Todos os sócios que tínhamos antes, que iniciaram o projeto, continuam. E o novo sócio, que é a Vicar, está entrando com toda a expertise em eventos, na parte comercial, na comercial. Para agregar principalmente no Brasil, que faltava um pouco disso para nós. Como estou aqui na Europa, ficava um pouco mais complicado esse trabalho. E o pessoal da Argentina vai continuar trabalhando e desenvolvendo para a região.

Então a TCR vai correr junto com a Turismo?

Maurício Slaviero – Isso mesmo. A TCR será a principal categoria e a Turismo Nacional vai correr conosco. Nas etapas da Argentina e Uruguai vamos correr com as etapas deles lá. A TCR Brasil terá uma classificação separada para o nosso país e outra para o sul-americano. Quem fizer todas as corridas estará disputando os dois campeonatos. Mas aqueles que optarem por fazer apenas os finais de semana da TCR Brasil, marcarão pontos e disputarão apenas esse campeonato nacional. O calendário irá de março a dezembro, dez finais de semana, e a TCR Brasil começa em julho e acaba em dezembro.

Os carros utilizados no TCR realizam provas de Sprint (curtas) e de Endurance (longas). Esse diferencial funciona como um laboratório pela indústria automotiva, como um teste real para os modelos de rua?

Maurício Slaviero – A TCR é um conceito onde as montadoras desenvolvem os carros de corrida e passam a vendê-los. É uma categoria que chamamos de Customer Racing onde as montadoras vendem os carros de competição para as equipes e pilotos. Para eles é muito importante ter corridas de Endurance e de Sprint porque isso não só ajuda no desenvolvimento dos carros, como também atrai a atenção dos pilotos para dois tipos diferentes de competição. Hoje a TCR tem mais de 1.100 carros de corrida vendidos no mundo. É muito carro, recorde total, absoluto. São mais de 35 campeonatos no mundo e quase 600 / 700 pilotos correndo por ano. Sem falar que o público se identifica com os carros, que ele costuma ver na ruas.

O que o movimento gerado este ano no FIA Motorsport Games, do qual você comandou a delegação brasileira, trouxe de experiências positivas? E quais serão os caminhos para esse campeonato?

Maurício Slaviero – Esse foi um evento de muito sucesso. O Brasil só esteve lá representado porque o Giovanni Guerra, presidente da CBA, acreditou muito no projeto que eu levei para ele. Enxergou uma grande oportunidade para elevar o automobilismo do Brasil e para os pilotos brasileiros correrem aqui fora. Nosso objetivo inicial era trazer um ou dois pilotos. No final vieram 11. Tivemos um público muito grande no evento em Paul Ricard, na França, com aquele astral de diferentes países, todos uniformizados: realmente um clima de olimpíadas. Quem sabe a gente consegue levar esse evento para o Brasil. Seria ótimo porque temos excelentes pilotos, que conhecem os autódromos. Claro que é complicado, não será fácil, porque envolve muitas categorias, muitos carros, uma logística muito complexa. Eram mais de 500 pilotos em Paul Ricard.

Na sua opinião, teremos mais Ayrtons Sennas pela frente? Ou serão inúmeros grandes pilotos brasileiros brilhando no Brasil e no exterior?

Maurício Slaviero – Nascer outro Ayrton Senna será muito difícil de acontecer. Ele era um cara único, com um talento incrível. Era muito diferenciado. Mas temos, sim, muitos pilotos de altíssima qualidade com todo o potencial para estar não só na F1, mas em outras categorias fortes do automobilismo mundial.

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