Criar uma boa estratégia de corrida exige um estudo minucioso de cada pista
*Por Ricardo Maurício
Ao longo da minha carreira, vi inúmeros circuitos muito bons desaparecerem do calendário por problemas de estrutura ou desativação, mas, de uma maneira geral, é impossível não gostar dos traçados que temos no Brasil. E quando falamos de estratégia, as pistas estão diretamente ligadas, porque a guiada pode mudar de acordo com o clima, temperatura, abrasividade e, principalmente, as condições do asfalto.
Pensando nisso, fiz um panorama das pistas que hoje integram o calendário da Stock Car e onde espero poder voltar o mais rápido possível. Cada uma tem suas particularidades, algumas mais rápidas, outras travadas, curvas desafiadoras, bons pontos de ultrapassagem, tudo tem que ser levado em conta antes de acelerar. Então, vamos lá.
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Esse ano a etapa deve começar no autódromo Velo Città, no interior de São Paulo
Essa é uma pista que eu gosto muito, principalmente a curva da caipirinha e a curva da mata que são desafiadoras. O traçado é bem técnico, com pontos de fortes frenagens e outros com muita tração, em alguns pontos é largo e depois estreita drasticamente. Nesse caso, há um desgaste maior dos pneus e equipamentos, o que leva a equipe e o piloto a trabalharem um carro para a classificação e outro para a corrida.
Depois, se não houver mudança, vamos para o sul do país, em Santa Cruz do Sul
Esse é um circuito que gosto bastante, mas, infelizmente, há anos a pista não recebe um bom recapeamento. O que ocorre é um remendo numa curva e outra, e isso torna a guiada mais difícil porque há muita oscilação. E isso é uma pena porque é uma pista de alta velocidade e muito prazerosa para guiar.
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Tem a curva do “S” que é bem rápida, depois vem o mergulho para fazer o laço e a sequência de “esses” que são de alta. Não dá para descrever, é muito bom. Ela tem um ponto de ultrapassagem bem forte que é na reta do box, onde a gente consegue economizar um pouco de pneu e segurar o adversário, mas, logo depois você fica praticamente bloqueado para ultrapassagem. Como, geralmente, o piso não está em boas condições, é muito abrasiva e os pneus deterioram rapidamente.
Em seguida vamos acelerar em Interlagos, que para mim é especial
É como correr em casa. Foi ali que eu conquistei meus dois títulos e onde ganhei duas edições da tradicional Corrida do Milhão. Tenho sempre boas lembranças de lá.
E então seguimos para o Paraná, em Londrina
Essa é uma pista curta com duas retas de ultrapassagem, também curtas, onde é quase impossível ultrapassar sem o push to pass. O circuito tem subidas, descidas e algumas curvas cegas que acabam deixando a guiada desafiadora, como o “S” da caixa d ´agua, o mergulho da reta oposta, a curva 1. Costumo dizer que é uma pista bem seletiva.
Ainda no Paraná teremos a corrida em Cascavel
Essa deve ser a Top 2 ou Top 3 dos pilotos brasileiros. Em todas as provas o ideal é ter um carro bom, mas, em Cascavel, não ter um carro bom é um desperdício de adrenalina, porque é muito divertida. Para começar o asfalto tem muita aderência, então, quanto mais você anda, mais a pista emborracha e mais rápida ela fica. A média ali é em torno de 180 a 190km/h. Tem curvas de média e alta velocidade e boas retas de ultrapassagem. A curva do bacião, para mim, é uma das melhores.
No centro-oeste teremos Goiânia
Esse circuito me traz boas memórias, pois, foi lá que estreei na Fórmula Ford em 1995 e conquistei o terceiro lugar. Quando fizeram o recapeamento a aderência da pista ficou fantástica, mas, depois, levantaram algumas ondulações, foram feitos alguns reparos, mas, acabou ficando bem técnica, porque, num ano você faz um traçado ideal e no outro tem que descobrir lugares novos para fugir das ondulações.
Existe ainda a possibilidade de voltarmos à Curitiba e eu adoro essa ideia
Já venci cinco vezes lá e é uma pista que também gosto muito. As duas últimas curvas são minhas preferidas do traçado, o S de alta e a última curva, principalmente, com pneu zero porque dá muito mais aderência e você carrega na velocidade. Ela tem dois pontos de ultrapassagem, e não é uma pista que desgasta muito pneu, então, você consegue andar no limite do carro por muito mais tempo.
Independentemente da pista, o que eu gosto mesmo é de acelerar e proporcionar ao público um bom espetáculo, com o máximo de competitividade e respeito, ousadia e técnica. O melhor desse esporte é que um dia não é igual ao outro, e você tem que manter a máxima atenção em todos os detalhes o tempo todo. E é assim que tem sido os últimos 30 anos da minha vida, todos dedicados ao automobilismo.
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