<p>Ao receber a bandeira quadriculada do Grande Prêmio do México na segunda colocação, a bordo de seu Ferrari número sete, em outubro de 1964, John Surtees conquistou bem mais que o título da 15ª temporada da Fórmula 1. O britânico assegurou um feito que até hoje, quase 53 anos depois, segue inédito no esporte a motor: ser campeão do Mundial de Motos e da principal categoria do automobilismo mundial.</p>
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<a href="http://www.motorpress.com.br/racing/formula-1/f1-formula-1/john-surtees-morre-aos-83-anos/" target="_blank"><span style="color:#FF0000;"><strong>John Surtees morre aos 83 anos</strong></span></a></p>
<p>Tão impressionante quanto essa marca é o fato de que Surtees, falecido nesta sexta-feira (10), aos 83 anos, conseguiu sobreviver a um período no qual a segurança nas pistas ainda engatinhava se comparado aos dias atuais. Em setembro de 1965, aliás, um acidente em testes com um protótipo esportivo Lola, no circuito canadense de Ontario, causou-lhe gravíssimas fraturas, chegando a colocá-lo sob o risco de morte. John não apenas se recuperou, como retornou à Fórmula 1 no ano seguinte, com vitória logo no segundo GP, na Bélgica. </p>
<p><img alt="John (à dir.) com o diretor da Honda, Yoshio Nakamura, na Holanda, em 1968" src="/wp-content/uploads/uploads/john-surtees_620x467.jpg" style="margin: 0px auto; display: block; width: 620px; height: 467px;" /></p>
<p>Mas se John Surtees foi um sobrevivente de uma das eras mais perigosas do esporte a motor, ironicamente, o seu filho Henry não teve a mesma sorte: morreu aos 19 anos durante uma prova da Fórmula 2, no circuito de Brands Hatch, em 2009. O jovem, então vice-campeão britânico de Fórmula Renault 2.0, foi atingido na cabeça por uma roda solta do carro de outro competidor, o inglês Jack Clarke.</p>
<p>À época, a fatalidade de Henry Surtees trouxe à tona a discussão sobre cobertura em carros de Fórmula. Seis dias depois, o tema tornou-se ainda mais intenso por conta do acidente de Felipe Massa, durante treino ao GP da Hungria. O brasileiro sofreu traumatismo craniano após ser atingido por uma mola solta do Brawn do compatriota Rubens Barrichello. Massa retornou às pistas em 2010.</p>
<p>Em entrevista à BBC, no ano passado, John Surtees não apenas mostrou-se favorável a tecnologias para cobertura de cockpit, como o Halo, como solicitou a Lewis Hamilton assumir uma condição de liderança em prol do item.</p>
<p><img alt="Filho de John, Henry Surtees morreu após acidente na F2, em 2009" height="467" src="/wp-content/uploads/uploads/henry-surtees_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>
<p>"Eu sofri a tragédia de perder Henry que certamente poderia ter sido evitada com o desenvolvimento de algo como isso (o Halo)", afirmou. "Lewis talvez poderia pensar um pouco mais sobre o Halo e pensar em sua responsabilidade, uma vez que ele é campeão mundial".</p>
<p>O inglês garantiu ainda que a inclusão da proteção de cockpit era algo tão prioritário que a FIA poderia, até mesmo, impor a alteração sem consulta a equipes e pilotos. "Às vezes, as mudanças são forçadas (a acontecer)", garantiu. "Pode ser que o órgão governante (a FIA), apenas por causa da dinâmica e do fato de que eles tenham ido por este caminho, não tenha outra opção senão impor esses regulamentos".</p>
<p>Em meio às discussões para a introdução da proteção de cockpit nos carros de Fórmula 1, John Surtees se foi. Deixando uma história vitoriosa ao esporte a motor.</p>
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