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Minhas histórias na pista

3 Minutos de leitura

  • Publicado: 17/08/2017
  • Atualizado: 27/03/2019 às 9:38
  • Por: Claudio Simão
Simão lidera o campeonato da classe C250. (Foto: Fábio Davini)

Claudio Simão, piloto do Mercedes-Benz Challenge

Quem me conhece sabe que sou um apaixonado pelo esporte. Atualmente eu pratico tênis, gosto de fazer corrida a pé e sempre estou me movimentando. Mas a minha paixão mesmo é o automobilismo. Eu vou completar 60 anos em fevereiro do ano que vem e dá orgulho olhar para trás e ver que o automobilismo está no meu sangue desde os 17 anos, quando comecei no kart.

Uma das histórias que eu guardo com muito carinho é de ter disputado quatro edições do Campeonato Brasileiro de Kart. As provas foram em Foz do Iguaçu, Tarumã, Bahia e Chapecó. As corridas eram de alto nível e a participação de um único competidor já mostra do que estamos falando: Ayrton Senna tentou ser campeão brasileiro de kart na competição de Tarumã – e foi sensacional disputar curvas e dividir a pista com ele e tantos outros pilotos brasileiros de grande futuro. Aquela foi uma época muito especial.

O mais marcante dos torneios de kart mencionados acima, claro, foi aquele no qual a lista de inscritos tinha também o nome de Ayrton Senna. A corrida aconteceu em Tarumã e eu me lembro que, quando saímos para um treino, cheguei em uma curva muito travada que para ser bem feita era preciso conhecer um macetezinho do traçado. Aí, eu olhei para trás e vi que o Ayrton Senna estava vindo. “Ótimo”, pensei, “vou ver como ele faz”. Mas quando eu olhei para a frente novamente, ele já tinha passado. Até hoje não sei por onde ele passou, que eu nem vi.

Em outras vezes, durante os treinos mais longos, eu gostava de ir para um canto da pista para ficar observando como ele guiava. Claro que nunca cheguei sequer perto da maneira como o Ayrton pilotava. Mas melhorei muito. Foram ensinamentos que até hoje eu aproveito nas corridas que tenho feito.

Essas pequenas lições e outras que colhi há mais de 30 anos na convivência com um piloto diferenciado me ensinaram muita coisa, mas principalmente que eu devo sempre trabalhar para atingir promover alguma evolução pessoal.

Também nos tempos de kart, mas quando já era o sistema POC (Piloto Oficial de Competição), me lembro que o Rubinho Barrichello, que naquela época competia na categoria Júnior, ficava sentado no colo da minha esposa nos boxes. Isso, claro, trouxe um outro tipo de proximidade naqueles dias. Daquele cantinho no nosso box para o dia quando Rubinho se tornaria o maior largador da história da Fórmula 1, muita coisa aconteceu. Mas alguns pequenos capítulos dessa epopeia brasileira se passaram ali, em um box simples, como todos os demais que montávamos para as corridas daquela época.

Hoje estamos aí, ainda competindo, o que faz com que eu mantenha uma educação alimentar, um preparo físico bom e um peso ideal, tudo para não cansar dentro do carro. Para competir de igual para igual com meninos muito mais jovens, quem têm uma facilidade muito maior para ficar em forma, preciso fazer o dobro do esforço deles. Mas isso é só mais um desafio dentro deste esporte complexo. O automobilismo exige o bom preparo físico, mas também cobra dedicação, foco, capacidade de adaptação a variados cenários e, claro, alguma dose de talento e velocidade. Você pode não ser o melhor em todos estes aspectos, mas se for razoavelmente bom em alguns, certamente será competitivo. E, no meu caso, muito feliz.

Cláudio Simão
Catarinense de Blumenau, cidade onde mora até hoje, Cláudio Simão começou no kart em 1975, foi campeão catarinense de Velocidade na Terra e paranaense de Turismo. Estreou no Mercedes-Benz Challenge em 2013 e atualmente é o líder da pontuação na C 250 Cup.

Foto: Fábio Davini

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