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De filho para pai

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  • Publicado: 10/07/2017
  • Atualizado: 27/03/2019 às 9:38
  • Por: Leonardo Marson
Lorenzo fez com que o pai, Paulo, também se tornasse piloto. (Foto: Fábio Davini)

Por Lorenzo Varassin, de São Paulo (SP)

Praticar esportes é algo que sempre fez parte da minha vida. Herdei este hábito do meu pai, que sempre foi um esportista. Até os 18 anos de idade, embora já tivesse competido como nadador durante anos e praticado diversos outros esportes (já nesta época eu tinha feito algumas corridas de kart), o automobilismo não tinha um lugar especial na minha vida.

Por ser uma modalidade que exige considerável aporte financeiro inicial, é quase impossível para um adolescente ingressar neste meio sem o consentimento da família. E no meu caso não foi diferente. Alguns meses antes de eu efetivamente começar a treinar e a correr, começaram as negociações em casa para que este dia pudesse chegar.

A moeda de troca pedida por minha família foi o ingresso na Universidade Federal do Paraná. E, sabendo que meu prêmio eram os carros de corrida, estudei como nunca para as provas que estavam por vir. De vestibulando de Engenharia Civil, passei a calouro da Universidade, a futuro engenheiro e, finalmente, a piloto.

Segui com o objetivo de competir no automobilismo, mas o curso de engenharia deu lugar a um novo vestibular, desta vez para Direito – carreira na qual me formei anos mais tarde. Embora a formação acadêmica tenha sofrido uma adaptação, o sonho de vencer nas pistas se manteve intacto, e só ganhou força.

Do Campeonato Paranaense de Marcas, passei a disputar provas de longa duração e foi neste período que um dos fatos mais curiosos da minha carreira aconteceu: meu pai, Paulo, começou a se interessar tanto quanto eu pelo novo esporte da família. Normalmente, são os filhos que seguem os passos dos pais neste esporte, mas com os Varassin o caminho foi o oposto.

De tanto me acompanhar nas corridas, ele próprio começou a pilotar e tivemos grandes momentos juntos. Fomos duas vezes Campeões Brasileiros, a primeira em 2003 pelo Campeonato Brasileiro de Protótipos – Brascar, e a segunda, em 2005, pelo Campeonato Brasileiro de Endurance – Categoria 3.

Fatos interessantes também ocorreram nessa trajetória. Lembro-me de uma corrida de 500 Milhas em Londrina, em que competimos com um carro 100cv menos potente que o de nossos principais adversários, e vencemos por uma vantagem de apenas três segundos. A comemoração foi regada a Champagne e foi uma verdadeira festa em família.

Durante duas temporadas, dividimos o volante de um CLA 45 AMG no Mercedes-Benz Challenge, e hoje somos adversários no grid. Piloto o carro #37 e meu, pai, o #27. Hoje, aos 64 anos de idade, ele ainda é competitivo em um esporte em que a vitória é definida muitas vezes por décimos de segundo. Não sei se, quando chegar à idade dele, ainda conseguirei pilotar um carro de corridas. Se quando eu passar dos 60 ainda praticar este esporte, estarei muito feliz. Por tudo isso, considero meu pai um exemplo a ser seguido.

Lorenzo Varassin é Campeão Brasileiro de Protótipos – Brascar, Campeão Brasileiro de Endurance Categoria 3, vencedor por duas vezes das 500 milhas de Londrina, vencedor dos 100km de Brasília. No Mercedes-Benz Challenge, é autor de cinco pole position, incluindo as duas primeiras corridas da temporada de 2017, e foi vencedor da etapa de Santa Cruz do Sul deste mesmo ano.

Foto: Fábio Davini

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